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Mostrando postagens de agosto, 2020

A era do assassinato de reputações.

Um dia surgiu um líder político como nunca havia existido antes. Era vegetariano, não fumava e  nem bebia.  Nas  reuniões ministeriais não permitia que ninguém fumasse, isto em um tempo em que o hábito de fumar era quase obrigatório. Sentia um profundo amor pelos animais, tratava sua cadela de estimação como se fosse uma filha. Era sensível, amava a música erudita (se deliciava com as sinfonias de Wagner) e também as artes plásticas. Era ele mesmo um pintor, ainda que medíocre. Lia um livro por noite apesar das suas enormes tarefas. Era culto. Sua biblioteca tinha mais de 16 mil livros e seu escritor preferido era Shakespeare. Gostava de cinema. Era fã de Charles Chaplin. Tão fã que passou a usar o bigode do personagem Carlitos. Era também fiel à sua companheira com quem fez questão de casar antes de morrer.  Dizia se sentir à vontade entre pessoas humildes pois fora ele mesmo um morador de rua. Quando sofreu um atentado  escapou ileso mas visitou um ferido a quem não permitiu que o sa

Jesus é a ideia.

Três décadas e meia depois de sair da casa dos meus pais estou sendo abençoado com voltar a conviver sobre o mesmo teto com a minha mãe, agora uma senhora octagenária. Infelizmente o que levou a esta nova convivência foi a pandemia de Covid-19 que assolou o mundo e, particularmente, o Brasil. Apesar da idade relativamente avançada, minha mãe é completamente independente e sempre morou só. Sozinha adquiriu o hábito de ligar o rádio domingo pela manhã, bem cedinho, para assistir à missa. Enquanto eu fazia o café ouvia atento à pregação do padre que falava sobre Jesus ser o único caminho para a salvação e que todos os outros deuses seriam deuses mortos. E seriam deuses mortos porque seriam falsos, não existiriam. Indo além do Evangelho como todo líder religioso sempre faz, o padre fez uma dura crítica a quem, como eu, prefere acreditar em uma força maior, superior a nós, a mim e a ele inclusive. Segundo o sacerdote, pessoas como eu, que preferem não personificar o divino, simplesmente, nã