"1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer", um calhamaço de quase 2 kg de peso e que poderia ser uma espécie de bíblia da música pop, definitivamente, não cumpre o que promete. Mais do que um punhado de resenhas sobre discos que deveriam ser ou soar essenciais, reúne-se no tomo um coletivo de álbuns cujo critério mais parece político do que absolutamente artístico.
Se o livro se chamasse algo como "1001 dos discos mais importantes da música pop" ou coisa assim, não haveria o menor problema, mas o diabo é a pretensão de agrupar tantos discos que, a princípio, deveriam ser tão deliciosos como um sorvete em um dia de calor ou indispensáveis como o ar que se respira. E é neste ponto que o livrão falha miseravelmente.
Não que a publicação em si seja dispensável ou supérflua. Não é. Pelo contrário. Impressa em papel de excelente qualidade, bem encadernada e, principalmente, barata, "1001 discos para ouvir antes de morrer" é um perfeito livro de consulta. Serve para você saber um pouco mais sobre o disco que acabou de baixar, ou quem sabe, ter comprado. Mas não vale um centavo como guia de neófitos musicais. Se você é um destes, fique sabendo: Pelo menos metade destes discos você pode tranquilamente morrer sem ter ouvido.
De fato, só há dois caminhos para manusear o tijolo literário: Ou consultando sobre discos recém-adquiridos ou, como eu fiz e faço, ou lendo apenas as resenhas sobre os álbuns constantes em sua discoteca. Não que eu mesmo não tenha feito da primeira forma: Aliás, para citar apenas um único exemplo, foi através do livro que conheci o maravilhoso primeiro lp da banda The Coral. Mas, também, foi influenciado pelas resenhas da bíblia pop que eu acabei baixando coisas horrorosas que não valem ser citadas aqui.
De alguma forma, 1001 discos é como aquelas listas de melhores discos disto ou daquilo que as revistas e jornais de música adoram criar para despertar polêmica barata. E ainda, para piorar, e talvez na espera de que compremos duas vezes o mesmo livro, troca-se a capa e alguns discos a cada nova edição. Mas estaria entre os 1001 livros para ler antes de morrer, ao menos parcialmente, como eu fiz. E esta é a enorme contradição envolvida, Mas o pop é contraditório por natureza e móvel como dentes em um aparelho ortodôntico. Não existe pecado do lado de fora deste equador fonográfico,
Nem do lado de dentro.
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