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Mostrando postagens de 2025

METEORO NOS DINOSSAUROS

Um dia Deus ganhou consciência. Não se autodenominava Deus, é bem verdade,  este é um nome que os homens lhe dariam bem mais tarde. Mas foi então que Ele percebeu onde estava. Era tudo um imenso vazio. Não sabia se fora criado, nem porque estava ali. Percebia suas formas, seus braços, suas pernas, seu corpo e percebeu também que podia imaginar. Sim, imaginar. E logo se deu conta que tudo o que Ele imaginava tomava forma. Foi então que fez um ser à sua semelhança e quando o criou tudo se iluminou à sua volta. Chamou-o de Lúcifer pois entendeu que deveria chamar aquele ser por um nome. Ainda que criasse outros seres idênticos a Ele, Lúcifer permaneceu sendo o anjo preferido de Deus. Deus também percebeu que poderia criar pontos no vazio e os chamou de estrelas. À sua volta Deus criou planetas e não se cansava de imaginar outros tipos de astros siderais. Ele havia descoberto um sentido para a sua existência. Ao todo chamou de universo. Criou o sol, em sua volta alguns planetas e a um,...

GENTE AZUL (OU "SOMOS TODOS MACACOS")

Sim, somos todos macacos. Mas quando digo que somos assim não me refiro a nenhum tipo de adjetivação pejorativa que alguns humanos lançam sobre outros humanos. Quando digo que somos todos macacos, quero dizer que primatas somos e primatas sempre seremos. E  também somos hominídeos. E entre os hominídeos somos os homo sapiens, os únicos hominídeos que restaram na face da Terra. E eis aqui, precisamente, a nossa única raça, a humana. Isso é biologia, é ciência, não se trata de ideologia. Não existem, biologicamente falando, raças a não ser a humana. O resto, qualquer resto, são meras construções sociais e históricas. Mas se há algum sentido no conceito de raças - e eu não acho que há - dividi-las entre raça negra, branca, amarela, indígena e smurfs me parece ter ainda alguma lógica. Afinal, a cor da pele bem poderia ser um ponto de partida para os que acreditam no conceito de raças, não necessariamente aqueles que acham uma raça superior à outra. Porém, reina aí a enorme contradição:...

O SONHO

  Oi. Hoje eu sonhei contigo. Aliás, contigo não. Eu sonhei mesmo foi comigo. Comigo sim, porque o sonho era meu, mas também com você, porque você não era uma mera coadjuvante. Você era a outra metade dos meus anseios juvenis que, quase sexagenário que sou, jamais se concretizaram. Não que a falta de tais anseios me faça infeliz. Não faz. Apenas os troquei por outros, talvez mais relevantes, talvez não. Hoje de madrugada, durante o sonho, eu voltava a ter 20 anos e você devia ter uns 17 ou 18. Eu estava de volta à tua casa, recebido por você em uma antessala completamente vazia e toda branca. Branca era a parede, branco era o teto, branco era o chão. Eu chegava de surpresa, vindo de muito longe. Me arrependia e queria ir embora. Você  queria que eu ficasse, queria tirar minha roupa ali mesmo, queria que eu estivesse à vontade ou talvez quisesse algo mais. Talvez? Eu era um boboca mesmo. Você era uma menina bem assanhadinha, tinha os hormônios à flor da pele e eu era a sortuda ...

Três pregos para John Lennon

Sem nem precisar usar o argumento de que era outro tempo, outra sociedade e outra cultura, basta afirmar que John Lennon, ao imitar alguém com deficiência mental em um show, estava, na verdade, ridicularizando o show business comparando a si mesmo com alguém que não tem completo domínio sobre si mesmo nem sobre seus atos. Da mesma forma, haters de rede social, que hoje são aceitáveis,  daqui a 50 anos podem representar comportamentos tão constrangedores quanto o de Lennon nos parece hoje. A vítima da vez dos exageros do politicamente correto chama-se John Winston Lennon e não é um homônimo, trata-se dele mesmo, John Lennon , músico, ex-guitarrista dos Beatles , brutalmente assassinado no final de 1980 por Mark Chapman. Nas redes sociais, os "haters" de plantão, aquelas pessoas com sérios problemas psicológicos que se dedicam a massacrar quem quer que seja para satisfazer as suas carências afetivas, já elevaram o assassino de Lennon à condição de "meu herói...

A CARTA ANÔNIMA

 Quando eu era menino, ainda ginasiano, lá pela sexta série, a professora resolveu fazer uma dinâmica bastante estranha. Naquele tempo ainda não tinha esse nome mas acho que ela quis mesmo fazer uma dinâmica, visto pelas lentes dos dias atuais. Ela pediu que cada aluno escrevesse uma carta anônima, romântica, se declarando para uma outra pessoa.  Eu confesso que não tive a brilhante ideia de escrever uma carta anônima para mim mesmo e assim acabei sem receber nenhuma carta falando sobre os meus maravilhosos dotes físicos e intelectuais. Já um outro garoto, bonitão, recebeu quase todas as cartas das meninas da sala. E sabe-se lá se não recebeu nenhuma carta vinda de algum colega do sexo masculino, escrita dentro de algum armário virtual. Eu, é claro, escrevi a minha carta para uma menina branca que nem papel, de óculos de graus enormes e um aparelho dentário que mais parecia um bridão de cavalos. Ela era muito tímida e recatada, havia nascido no norte europeu mas já morava...