Os primeiros dias da Plug Laser no novo endereço não foram nada fáceis. Amargamos a falta de movimento natural de quando uma loja muda de lugar, aliado ao fato bastante curioso de que alguns de nossos antigos clientes criticaram o novo local nos acusando de crescer para buscar ter mais lucro. De fato, era exatamente esta a questão e eu tentei não me preocupar muito com isso.
No início de 1992 deixamos definitivamente de vender LPs. Era uma aposta arriscada naquela época. Foi naquele momento que a "PLUG" se tornou Plug Laser, nome extraoficial dado pelos clientes e assumido definitivamente por nós algum tempo depois. A resposta do público foi a melhor possível e ao final do ano já éramos a maior loja de CDs da cidade. Até porque éramos a única (ao menos, apenas de CDs).
Em 1993 o compact disc estourou definitivamente no mercado brasileiro e tínhamos a vantagem de estar um ano na frente dos concorrentes, com uma clientela já feita e que se sentia muito satisfeita em comprar conosco. Aumentei o número de funcionários e contratei pessoas por indicação, que não tivessem grande experiência em vendas mas com enorme conhecimento musical. Apesar de alguns percalços e de certo amadorismo, tudo correu bem. A falta do profissionalismo era amplamente compensada pelo atendimento amistoso e especializado.
É desta época o famoso bordão "O seu CD está aqui" que ficou bastante conhecido na cidade. E o CD que o cliente desejava estava ali mesmo. Alguns títulos tínhamos apenas uma unidade em estoque mas a maior parte dos lançamentos e relançamentos eram encontrados na loja. Fizemos publicidade no rádio e eu tive a ideia de que uma determinada música, uma regravação pop de "Stop! In The Name Of Love" das Supremes, fosse tocada na programação da emissora sem que o título da música e o cantor fossem mencionados. No início, o locutor diria "momento Plug laser" e , ao final, "este disco você encontra na Plug Laser". Além de vendermos o tal disco aos borbotões vendo a cara de tacho dos concorrentes que não faziam a menor ideia de que música era aquela, as outras rádios ainda faziam propaganda de graça anunciando a "música da Plug laser", já que não sabiam o nome e gravavam quando passava na outra emissora.
Aos poucos a loja foi encontrando o seu público, desde roqueiros até fãs de vaquejada e do forró eletrônico que tomou conta dos anos 90 no Nordeste. A gravadora Som Zoom, do Ceará, lançava discos deste estilo um atrás do outro, sempre com grandes vendagens. Um deles era o disco do palhaço Caçarola. A capa era alusiva a um disco infantil mas o conteúdo era terrivelmente pornô. O disco havia acabado de chegar e ainda estava na caixa quando uma incauta mãe perguntou ao vendedor qual era o lançamento infantil mais recente que havia na loja. O vendedor não pensou duas vezes e lhe vendeu, sem má intenção, o disquinho pornô do palhaço Caçarola. Graças a Deus que eu estava chegando na loja bem naquele momento e impedi a tragédia. Como dizia o próprio Caçarola, "Bittencourt tem medo".
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