Eu já escrevi neste blog, ainda que de forma bem resumida, sobre as bandas que tive antes da LP & os Compactos, e isto pode ser conferido aqui. Portanto, quem quiser entender o que aconteceu antes, basta clicar no link. O que vai ser contado a partir daqui é a história, de fato e de direito, da banda com a qual realizei o meu sonho de ser reconhecido como um compositor de qualidade. Não usarei de falsa modéstia no que irei relatar, mas também não dourarei nenhuma pílula. Tudo que será contado, será contado de forma crua e desapaixonada, mas sem abdicar de exercer o direito de reconhecer que a LP & Os Compactos foi a banda mais relevante que já surgiu em Feira de Santana, pelo menos, até o escrever destas linhas.
Fomos citados pelo crítico musical Jamari França como uma das promessas do rock nacional em 2005. Tivemos três matérias em revistas musicais de âmbito nacional, chegamos a entrar em uma parada independente de rockabilly no Japão e nomes do rock nacional - alguns deles meus ídolos - declararam gostar do grupo. Em um dos muitos momentos em que a banda se esfacelou, fomos indicados em segundo lugar para banda revelação da Bahia na enquete de um site famoso sem que nenhum integrante tivesse apelado para as redes sociais para pedir votos. Nosso primeiro disco virou "pet music" para quem, naquela época, estava descobrindo os "nuggets" da Jovem Guarda e fuçava os programas de compartilhamento de arquivos atrás de velhas novidades. Porém, a LP jamais conseguiu cortar o cordão umbilical com Feira de Santana. Seja pela sabotagem interna ou externa, fomos vítimas da eterna síndrome de caranguejo no balde da cena da cidade. Mas esta história eu conto mais adiante.
Nos idos de 2002, meu filho Stephen Ulrich vivia entrando e saindo de escolas, como um verdadeiro adolescente desajustado. Não me dava grandes preocupações enquanto pai pois tinha um comportamento absolutamente tranquilo e parecia que eu estava lhe ensinando as coisas certas. Mas o desajuste de Stephen era muito mais em relação ao ambiente escolar do que propriamente à vida. Parecia que a escola, ao final, oferecia muito pouco a ele, que aparentava estar a anos luz daquilo que vivenciava na sala de aula.
Na Inglaterra, eles mantém escolas de arte, as Art Schools, para meninos como Stephen. Lá, ao invés da burocracia dos lápis e dos quadros negros, garotos como ele aprendem a pintar, a tocar um instrumento, a escrever e esculpir. E o sucesso da empreitada inglesa é evidente quando percebemos o celeiro de grandes artistas que é aquele país.
Mas não estávamos na Inglaterra e, em 2002, eu e a mãe dele tentávamos adaptar Stephen a uma nova escola mais uma vez. Ou adaptar a escola a ele, tanto faz. E, naquela escola, a diretora nos relatou que Stephen estava andando muito com um novo colega, com quem havia se identificado bastante. De fato, o próprio Stephen já nos havia falado do amigo e nossa preocupação era de que o tal garoto acabasse sendo uma "má companhia" para nosso filho, que já era, ele mesmo, considerado uma má companhia por muitos pais de alunos. Ouvindo isso, a diretora esboçou um sorriso e disse: - Quando vocês conhecerem o menino, verão que ele não pode ser má companhia para ninguém.
De fato, Josias, o tal garoto, parecia ter muito menos idade do que realmente tinha e uma aparência de bom menino, típico filhinho da mamãe, o que nos deixou bastante aliviados. E Josias, que arranhava o violão, dedilhava o teclado e batucava as panelas, logo fez Stephen se interessar de verdade por música. Assim, meu filho descobriu meus velhos violões deixados em um canto e arriscou os primeiros acordes. Ali seria o "ano um" do que viria a ser a banda LP & Os Compactos.
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