O plágio só não é mais antigo que a
criação. Até porque, se surgisse antes da criação, a própria criação já seria,
por si só, um plágio. Não entendeu? Acostume-se. Na música pop, o plágio – e
por plágio, aqui, entenda-se qualquer intenção de copiar qualquer parte de uma
canção – é quase uma obrigação. Então, não estou aqui a me fazer de moralista,
defensor da criação totalmente original, até porque ela, a criação pura, simplesmente
não existe.

Mas existe um limite, aliás, existem
dois, para determinar o que pode ser chamado de uso natural de trechos de uma
canção para se fazer outra, e o plágio,
este ato passível de processo criminal. Por lei, bastam seis compassos idênticos
para que uma música possa ser considerada cópia da outra e um autor copiado ter seus
direitos garantidos. É um entendimento legal praticamente universal.

Mas existe uma outra situação, que vai
muito além do plágio. É quando um artista copia completamente uma canção,
inclusive incluindo o arranjo original.
Se a cópia se dá em outra língua, pode-se até afirmar que se trata de uma
“versão”, mas quando não há nenhum crédito para o autor do original, trata-se
de um caso de apropriação indevida da obra alheia.
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Gene Clark |
Por outro lado, Gene Clark, fundador dos Byrds, banda icônica dos anos 60, e outro com uma carreira bastante irregular,
sempre foi um dos meus heróis. Mas nunca havia encontrado um disco solo deste
artista para chamar de “meu”. A carreira do norte-americano é marcada por
discos inacabados, fitas-demo remasterizadas e álbuns póstumos. Foi então que
resolvi pesquisar a fundo e encontrar um LP amarradinho para representar Clark
em minha coleção. Foi então que me deparei com o absurdamente bom “Roadmaster”, de 1973.

Por muitos anos, “Mas I Love You” foi a
minha preferida da obra do roqueiro baiano. Agora, não é mais. Me sinto profundamente desapontado com o meu
conterrâneo. Sei que não é seu primeiro
plágio, mas dane-se! Pelo menos das outras vezes ele plagiou o que eu não gostava. Fica
o gosto amargo de ter sido enganado todos estes anos. Agora, por mera
coincidência, a minha preferida de Raul é “Judas” do disco Mata Virgem. Espero
não descobrir qualquer dia destes que se trata de mais uma marotagem do maluco beleza.
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