No Brasil, a banda foi imediatamente adotada por fãs de Sá, Rodrix e Guarabira e do "rock rural". "A Horse With No Name", originalmente de 1971, entrou em trilha de novela e se tornou uma das internacionais mais tocadas de 1976. Anos depois, ainda presente no imaginário brasileiro, voltaria a aparecer em uma novela, curiosamente chamada "América".
Adquiri a minha cópia de "History" ao final dos anos 80. Para variar, em um saldo e, para variar, também, às cegas, sem ter a mínima ideia do que estava levando para casa. Hoje é um dos 800 discos que eu levaria para uma ilha deserta.
O lado A começa com a já citada "A Horse With No Name", uma canção épica, digna de abrir um disco como este. "I Need You" é uma balada açucarada cheia de sutilezas nos arranjos, cuja estrutura lembra a de um rio que navega calmamente até desaguar na cachoeira de um refrão. "Sandman" flerta com o rock progressivo, enquanto "Ventura Highway" é a trilha perfeita para tardes mornas de verão. "Don't Cross The River" é uma canção country animada e "Only In Your Heart" encerra o primeiro lado do disco com uma forte influência dos Beatles, na única canção de sotaque inglês até aqui.
Vira-se o lado e nos deparamos com "Muskrat Love". A bela canção passou anos sendo citada pelos punks como sinônimo da letargia daqueles anos, o que é uma tremenda injustiça. O título da música faz menção ao peculiar hábito de uma espécie de castor que passa a vida cruzando por toda a vida adulta e com a mesma fêmea. A bossa-nova "Tin Man" é o melhor momento do disco, seguida por "Lonely People", outra canção de forte pegada beatle.
"Sister Golden Hair" poderia estar tranquilamente em um disco de George Harrison enquanto a emocionante "Daisy Jane", que traz a gravação do coração, ainda no útero, da filha recém-nascida do integrante Gerry Beckley, encerra o lado B. Bem, a "history" é um pouco diferente. Meio como aqueles cachorrinhos miúdos que são paridos quando se espera que a barriga a cadela já tenha secado, eis que aparece "Woman Tonight", uma regatta, o popular "reggae de branco". Mas, ainda que o estranhamento nos faça torcer o nariz para aquela esquisita faixa, ela acaba funcionando bem como última faixa de uma coletãnea que se mostra perfeita até em sua imperfeição.
George Martin seguiria produzindo o grupo até Silent Letter, de 1979, que marca a saída de Dan Peek e a permanência como um duo. Os anos 80 deram ao America seu maior sucesso, "You Can Do Magic", de 1982. Mas a excelência de 'History" fez do álbum a coletânea definitiva do grupo, não importa quantos outros hits surgissem depois.
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