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Mostrando postagens de 2016

Bons discos para aumentar sua cultura musical - Pt. II

14º Andar -  Diversão do Novo Mundo (1985)  - A banda baiana 14º Andar surgiu no rastro do sucesso de outra famosa banda local, o Camisa de Vênus. Ainda com o nome de Delirium Tremens e uma orientação mais para o punk rock, o trio era uma espécie de The Jam do rock local. Indicados por Marcelo Nova para a gravadora RGE, tiveram a má sorte de terem como produtor ninguém menos que Mister Sam, ou Santiago Malnatti, um dj argentino responsável pelo sucesso de Gretchen, Nahim e outros artistas "pouco recomendáveis". Inexperientes, se entregaram de corpo e alma à sanha do portenho maluco e o resultado foi um álbum equivocado, cheio de excelentes composições mas muito limpo, com guitarras burocraticamente distorcidas e arranjos nem sempre felizes. Até Silvinha , mulher do eterno "o bom" Eduardo Araújo, e à época contratada da gravadora, foi chamada para fazer um estranho e delicioso backing vocal na faixa "A Dança dos Políticos", que se pretendia (e conseg

Bons discos para aumentar a sua cultura musical Pt. I

DOUBLE EXPOSURE - Television (1978)  - Se alguém te perguntar qual foi o primeiro disco do grupo nova-iorquino Television, você vai dizer sem titubear que foi o fracasso de vendas/sucesso de crítica  Marquee Moon  lançado em 77, certo? Bem, você está absolutamente certo.  Marquee Moon  foi mesmo o primeiro lançamento da banda, que foi do nada para lugar nenhum em sua curta existência, mas conseguiu influenciar uma série de bandas que vieram bem depois. S ó que antes havia uma fita cassete que costumava circular por Nova-Iorque de forma doméstica, contendo algumas demos e gravações ao vivo feitas naquele clube, você sabe qual, onde onze de cada dez bandas daquela época se apresentavam. Diz a lenda que um traficante amigo da rapaziada era tão fã do grupo que chegou a prensar algumas cópias do trabalho em vinil. De concreto, só o fato que, em 1978, após o lançamento do primeiro disco oficial, um pequeno selo local conseguiu direitos legais sobre o material e acabou lançando "ofic

Disco do Ano - Bruce Springsteen - The River (1980)

"- I sto é brega americano!". F oi assim, em poucas palavras, que um amigo fulminou todo o meu entusiasmo ao apresentar-lhe o álbum duplo daquele cantor magricela e de voz rouca, recheado de  rockões  e baladas, como, aliás deveria ser todo bom disco de rock.  E , de fato, ele estava certo. A faixa que o fez decretar a pieguice explícita daquele par de LPs, e que batiza o disco, "The River", tinha mesmo um ar melancólico e triste, típico das nossas baladas românticas mais populares. A minha "vingança", por assim dizer, é que aquelas canções do primeiro disco de Bruce Springsteen que ouvimos nas nossas vidas, ficariam em sua memória afetiva até os dias de hoje. E na minha também. C orria o ano de 1981 e ainda faltavam, pelo menos, cinco anos para que Springsteen se destacasse entre os  screamers  do projeto  We Are The World  e alcançasse alguma relevância em  terra-brasilis . Mais um ano e as meninas já estariam molhando as calcinhas por um "

Disco do Ano - Ramones - Pleasant Dreams (1981)

A  acusação mais grave que pesa sobre  Pleasant Dreams , o sexto disco de estúdio dos  Ramones , lançado em 1981, é que o instrumental não teria sido gravado pelo grupo, tendo o produtor  Graham Gouldman  os substituído por músicos de estúdio.  Outras acusações se seguiriam, como a de que a banda, finalmente, teria se vendido, buscando uma sonoridade mais "comercial" e mais pop. S e a primeira  queixa não é absolutamente verdadeira - em sua biografia,  Marky Ramone  desmente e garante que, apesar da contribuição de um músico de estúdio aqui e ali, foram os próprios  Ramones  que executaram todas as canções - a segunda se mostra profundamente real. Cansados de não venderem discos, embora tivessem prestígio e credibilidade, desde o disco anterior, "End Of The Century", os Ramones buscavam uma aproximação com a "new wave". Para burilar a nova sonoridade pop dos quatro punks, a gravadora teria convocado ninguém menos que Phil Spector, um rock'n

Dos Arquivos Empoeirados - Donnie Iris - Back On The Streets (1980)

Seu início de carreira foi medíocre, tocando guitarra em uma banda do enésimo escalão da música pop no final dos anos 60. Mesmo nos EUA, The Jaggerz jamais alcançaram grande sucesso, ainda que sua "The Rapper" tivesse arranhado levemente as paradas quando foi lançada, por volta de 1970. E m 1979, ele fora convidado por  Rob Parish  para integrar a última formação do seu  Wild Cherry , que tentava desesperadamente repetir o sucesso mundial de "Play That Funky Music" (inclusive, neste álbum, curiosamente intitulado "Only the Wild Survive", há uma canção chamada  "Keep On Playing That Funkyt Music"). Mas foi apenas em 1980, quando lançou seu primeiro álbum solo, deixando a guitarra de lado e focando na sua carreira de cantor, que Donnie Iris despertou de verdade a atenção da América para si mesmo. O  lançamento de "Back On The Streets" foi antecedido por  um single poderoso, "Oh Leah", que alcançou o 19º lugar nos EUA e

Tesouros da Juventude: Kate Bush - "The Kick Inside" (1978)

O  ano de 1978 foi bastante prolífico para a música pop. Ainda que, entre os melhores discos daquele ano, listados pelo respeitado site  Best Ever Albums ,  o  LP melhor posicionado de um brasileiro seja o "Axé", do sambista  Candeia  (155º lugar) e o metal só venha encontrar um representante no disco homônimo do hoje quase esquecido  Molly Hatchet  (166º lugar), 1978 foi mesmo o ano do "novo rock" a que se convencionou chamar comercialmente de "new wave".  O site relaciona nos cinco primeiros lugares,  Bruce Springsteen, Elvis Costello, Van Halen, Blondie  e  The Cars . Mas é o disco que aparece em 16º lugar que se tornaria um dos mais instigantes lançamentos daquele ano. 1978  também não foi um bom ano para as cantoras pop. Qualquer uma que se aventurasse e não militasse claramente nas fileiras do tal  novo rock  correria o sério risco de se transformar em alguma espécie de  one hit wonder,  artista de um sucesso só, vítima da indústria musical da

Clássicos do rock: Pink Floyd - The Wall (1979)

P rovavelmente, 1979 é o ano com maior número de lançamentos presentes em minha coleção de discos. Do  London Calling , o álbum duplo do The Clash que mudou os rumos do punk rock à dinamite pop de  Discovery , disco daquele ano da  Electric Light Orchestra,  boa parte do que foi lançado naquele ano em termos de rock e pop figuram nas minhas fileiras audiófilas. U ma das explicações é que 79, realmente, foi um ano prolífico para a música do planeta Terra. O  big-bang  do  punk rock  e sua rachadura jamais fechada na indústria fonográfica haviam acontecido há apenas dois anos e o mundo, em plena guerra fria, ainda podia se dar ao luxo de acreditar em tempos melhores vindouros. A  outra explicação, bem mais particular e intimista, é que, em 1980 eu comecei a descobrir a música através de visitas a uma rede de lojas de discos da minha cidade, que estava em processo de falência, após uma desastrosa tentativa de criar um comércio atacadista um ano antes. E o que estava em liquidação

Resenha: "Emotional Rescue" - The Rolling Stones (1980)

Um disco, muitas vezes, é muito mais do que um álbum de retratos sonoros. Pode se parecer com um poço de boas lembranças de tempos que voltam sim, através de experiências sinergéticas que só a música pode proporcionar. THE ROLLING STONES - "Emotional Rescue" (1980) -  A  cena ainda permanece vívida em minha memória, mesmo que, de lá para cá, já tenham se passados quase 40 anos: Meu primo ouvindo, pela enésima vez, a sua cópia recém-comprada de  Emotional Rescue , disco de 1980 dos  Rolling Stones , enquanto eu e sua irmã o provocávamos, dançando descompassadamente ao som aqueles rocks, apenas para que ele fingisse, rindo muito, que iria correr atrás de nós para nos bater. Foi assim durante todo aquele verão de 1981 na Ilha de Itaparica. N aquele tempo, nem os Rolling Stones escapavam de atrasos entre o lançamento de seus discos na matriz e aqui no Brasil e, apesar de já estar disponível na civilização desde a metade de 1980, a edição nacional de  Emotional Rescue  só