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Mostrando postagens de julho, 2015

A NEW WAVE QUE DISSE NÃO.

Enquanto a Inglaterra vivia a febre punk, muito antes de Bin Laden, uma onda diferente assolava Nova Iorque. Na foto, alguns dos integrantes do movimento que viria a ser conhecido por  No Wave . A impressão geral de que o movimento punk nasceu em Londres e é uma invenção de Malcom Mclaren, se deve, antes de tudo, a uma eficiente jogada de marketing do próprio ex empresário dos Sex Pistols . Depois à imprensa mundial, americana inclusive, que sempre fez questão de alimentar o mito da origem inglesa do movimento. As razões são até fáceis de entender. Nos anos 70, a ilha britânica era considerada um espécie de oásis musical enquanto a produção americana de rock era solenemente ignorada. Grupos americanos como os Stray Cats e artistas ianques como Chrissie Hynde e Elvis Costello tiveram que mudar de continente para conseguir fazer sucesso, a ponto de muita gente se surpreender ao descobrir que eles não eram ingleses. Costello é o exemplo mais expressivo. Depois de anos sem conseguir

EDUCAÇÃO ARTÍSTICA - A FLOCK OF SEAGULLS E FLOWERS (ICEHOUSE).

A  Flock Of Seagulls - "A Flock Of Seagulls" (1982) -  Referência essencial na vida de muitos trintões, o mundo precisa redescobrir  A Flock Of Seagulls.  Talvez a mais "new wave" de todas as bandas da era da  new wave ,  A Flock Of Seagulls  é muito mais que o grupo detentor de um dos mais esdrúxulos nomes da história da música. É, até mesmo, mais que a banda do dono do penteado mais ridículo do pop. Apesar de toda a imensa má vontade que a tal da crítica especializada depositou no  bando de gaivotas , sim, eles eram realmente muito bons. E nem adiantou espalhar o boato de que o AFOS era formado por cabeleireiros (coisa em que muita gente ainda hoje acredita), o tempo é meu principal aliado nesta opinião. O uça o primeiro disco, de 1982, que leva o nome do grupo. São 11 irresistíveis canções dançantes, com um certo  datismo , mas que ainda fazem bonito em qualquer festinha de maiores de 30 anos. Mesmo sendo imediatamente reconhecida como uma banda technopop e

DE PRIMA: 3 GRANDES DISCOS DE ESTREIA.

O s primeiros discos da carreira, muitas vezes, são peças quase que decorativas na discografia de algumas bandas. No caso de outras, é essencial para justificar a importância do artista. Aqui, três exemplos de primeiros discos que foram decisivos para sedimentar o prestígio e a reputação dos seus autores: THE KNACK - Get The Knack (1979) -  A dupla de produtores ingleses Nick Chinn e Mike Chapman foram responsáveis por alguns dos melhores momentos do rock desavergonhadamente descompromissado nos anos 70. Entre os artistas produzidos pela dupla, estão Sweet, Suzy Quatro e Gary Glitter, que foram os maiores expoentes do rock enérgico moldado pelos dois. Quando o duo se separou, o primeiro álbum assinado apenas por Mike Chapman foi o disco de estreia da banda americana  The Knack .  F ormado por músicos de estúdio que mantinham uma pub band quase por brincadeira, The Knack gravou,  por incentivo de Chapman. O produtor não se conformava de ver o desinteresse dos integrantes

A VIDA E VIDA DE WILKO JOHNSON, O ZUMBI DO ROCK AND ROLL.

A história do rock, em seus 65 anos de existência costuma ser contada como se contam cadáveres. John Lennon, Jim Morrison, Jimmy Hendrix, Janis Joplin, Ian Curtis, Kurt Cobain, Amy Winehouse, Dave Brockie, Dee Dee Ramone, enfim, os grandes ídolos do rock estão todos mortos, devidamente imolados pelos viventes que os adoram. H á até um meme assombrando as redes sociais que parafraseia o filme “Sexto Sentido”, afirmando que “eu ouço gente morta”, como se morrer, e ainda mais se for de forma trágica, concedesse a quem quer que seja algum tipo de atestado de qualidade musical. Mas estas são as contradições do mundo do rock e dos que ouvem este estilo de música. R oqueiros acreditam ter um gosto refinado por ouvirem rock e menosprezam todo e qualquer estilo que considerem “abaixo”, inclusive a música pop que tanto lhe deu de comer pela mão, em um caso clássico de cuspir na mão que o alimentou. O rock só abaixa a cabeça para o jazz e a música erudita, até porque jazzistas e músico

EDUCAÇÃO ARTÍSTICA - RICHARD HELL & JONATHAN RICHMAN

R ICHARD HELL & THE VOIDOIDS -  "Blank Generation"  (1977) -  Nada mais difícil do que tecer qualquer comentário que não seja óbvio sobre um clássico absoluto. São 12 canções em 40 dos melhores minutos que o rock possa um dia ter presenciado. Desde a abertura, com uma faixa muito bem intitulada "Love Comes In Spurs" (O amor usa esporas), até o final, com uma trôpega versão de "All The Way", de ninguém menos que Frank Sinatra, "Blank Generation" é muito mais do que a coletânea de polaroids de uma época, que realmente é. É um álbum conciso, sem nenhuma indulgência, onde nenhuma nota é supérflua. C om uma qualidade de som fenomenal para as condições em que foi gravado, o disco contém clássicos como "New Pleasure", presente em qualquer set list ao vivo de toda banda punk daquela safra, e "The Plan", desaconselhável para aqueles que insistem em achar que os Strokes tiraram aquele som todo de nenhum lugar. O CD  "Bl

EDUCAÇÃO ARTÍSTICA - DIRE STRAITS E THE WOODENTOPS.

D IRE STRAITS  "Dire Straits"   (1978) -  Afirmar que o dinossauro chato e tedioso em que se transformou o  Dire Straits , já foi um dia uma eficiente, econômica e inovadora cult-band,  geralmente associada à explosão da  new wave  no Reino Unido, no final dos anos 80, pode parecer delírio aos ouvidos de quem tem menos de 40 anos de idade. Gente que se habituou à ver a silhueta de Mark Knopfler na capa da coletânea  Money For Nothing  e associá-la a canções modorrentas e pretensiosas e até mesmo a  Sultans Of Swing , presente neste disco e tocada à exaustão desde o seu lançamento no Brasil. Q uando surgiu, em 1978, o grupo se afinava muito com o panorama musical da Inglaterra na pós explosão do punk, apesar de não trazer em seu som nenhuma influência óbvia do movimento. Pelo contrário, apesar de simples, seu som já era muito sofisticado para o padrão da maioria das bandas da época. Influenciados por gente como Eric Clapton e Dr. John e com o toque de conjunto de pub a

EDUCAÇÃO ARTÍSTICA: OS CAMALEÕES DA MÚSICA POP

E ntre a arte e o dinheiro, nem sempre nossos "artistas" preferiram a primeira opção. Uma carreira em baixa aqui, uma necessidade de grana ali e muitos optaram por aproveitar alguma onda momentânea para arrecadar uns trocados e ainda voltar à tona no concorrido meio musical. Muitos eram ícones de um determinado estilo que, ao passar a onda, não quiseram soltar o prato e arriscaram tudo, a carreira, a credibilidade, para surfar em outra onda, nem sempre similar àquela a qual era representante. Os resultados, às vezes, não eram os esperados e muitas vezes, o truque era facilmente reconhecido e o espertalhão ficava sem nada, nem o reconhecimento do  novo público  nem o respeito do público anterior. E m muitos casos, como nos discos psicodélicos dos Beatles e dos Stones, a carona se justificava pois o que seria oportunismo era apenas a continuidade natural de suas carreiras. Afinal, geralmente, eles mesmos eram influências dos que surgiram no estilo que momentaneamente abr

POR UM DIA MUNDIAL CONTRA O ROCK.

H oje é o dia mundial do rock e eu não sei bem o que isto significa e o que pode estar por trás disto. Porque tudo que o rock - o rock de verdade -  jamais precisou, é de um dia mundial.  Escolher uma data para celebrar o rock  é decretar irrevogavelmente a sua morte. Pois é, o rock morreu! Viva o rock! E eu vou querer repetir e repetir e repetir a palavra “rock”, até que ela não faça mais sentido algum e possa, finalmente, se cansar sem paz, no inferno. P orque rock é rebeldia. Rock é ir contra todas as regras, é jamais reverenciar, é não idolatrar absolutamente nada. Muito menos reverenciar a si mesmo. Por isto é que não existe um  “rock gospel” de verdade. Tudo que pode ser antirreligioso, tudo que puder ir contra a religião, ainda assim jamais será tão “anti” quanto o verdadeiro rock. Usá-lo para louvar, seja a Deus ou ao diabo, é transformá-lo no avesso de si mesmo. Rock de doutrinação não é rock, é “kcor”, é o contrário do rock. N o jornal matinal do dia mundial do ro

EDUCAÇÃO ARTÍSTICA - TALK TALK / TELEVISION.

T ALK TALK -  It´s My Life  (1986) -  O assim chamado movimento t echnopop , com suas bandas de nomes duplos, futuristas ou onomatopaicos, praticamente todas vindas da ilha britânica em meados dos anos 80, sempre foi tratado de forma jocosa e/ou preconceituosa pela imprensa musical. Trazendo no bojo a clara influência da eletrônica dos alemães do Kraftwerk e do pop progressivo de outros alemães como o Can e o Tangerine Dream , os integrantes da coldwave (outra denominação comum a estes grupos) adicionavam pitadas do pop do Roxy Music e do experimentalismo de David Bowie . Tudo coberto com creme crocante e chocolate Nestlé. Ou seja, pop music de primeira qualidade. F oi justamente por tanta afinidade com a música “fácil” e/ou “comercial” que alguns deste grupos passaram para a eternidade como produtos presumidamente descartáveis. Um deles, a esquisita banda Talk Talk . Apesar de ter três maravilhosos discos em seu currículo, a banda inglesa nunca conseguiu (pelo menos no Bras

GWAR - ULTRAJES A GO-GO.

A credite se quiser. Depois dos Sex Pistols , nenhuma outra banda de rock conseguiu ser tão ultrajante e, ao mesmo tempo, tão divertida. O GWAR , a banda/trupe teatral americana, composta de músicos, cineastas e  freaks  fantasiados de espuma, foi a mais infame e insana formação do rock ianque. A maioria dos brasileiros, principalmente aqueles que não conhecem a fundo a língua de Obama, desconhece o impacto que esta banda causou, e ainda causa, na conservadora sociedade americana. Enquanto Marilyn Manson é vendido pelo próprio "sistema" como opositor, o GWAR é mantido, ou tentam manter, em uma espécie de "limbo" onde todos - a indústria de entretenimento, o governo, religiosos - insistem em fingir que o grupo simplesmente não existe. O GWAR , a despeito de toda a fantasia em espuma e látex e mise-en-scéne , é um grupo antenado com o mundo à sua volta e seu ex-líder, o anárquico músico Dave Brockie (sim, ele mesmo, do Dave Brockie Experience . Vai dizer que