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Mostrando postagens de agosto, 2021

PLUG LASER: A HISTÓRIA NÃO CONTADA - PARTE VI

U ma certa vez uma moça loira, de corpo curvilíneo, olhos azuis e um certo ar descuidado entrou na Plug Laser chamando a atenção de todos que ali estavam, entre funcionários e clientes. Se aproximou timidamente do balcão e disse em um tom de voz baixo e um sotaque inconfundível de quem é de Minas Gerais: - Eu vim buscar as gravações de Dos Montes. D os Montes era um empresário do ramo da prostituição, famoso na cidade por manter duas casas situadas no bairro de Santo Antônio dos Prazeres. Acontece que Do Monte gravava fitas cassetes para servirem de som ambiente em seus estabelecimento e ele as gravava conosco. E sempre era uma de suas esbeltas funcionárias que vinha retirar a encomenda. Garotas marcadas pela dureza da profissão, não necessariamente bonitas, mas aquela mineira encantou a absolutamente todos com sua beleza estonteante. P or uma mera coincidência, na hora de sua apoteótica visita, estava rolando ao fundo o disco recém lançado do Skank com a música "Te Ver": Os

PLUG LASER: A HISTÓRIA NÃO CONTADA - PARTE V

E xistem duas datas de inauguração da Plug Laser. A oficial, em novembro de 1990, quando a empresa foi aberta de forma quase mambembe, e a pragmática, que foi quando nos mudamos para o térreo, no endereço da Rua Castro Alves. Rua que era, na prática, uma larga e longa avenida. Foi ali que, de fato, entramos no jogo e passamos a incomodar os concorrentes.   Q uando surgimos, ainda havia a minha antiga loja - a Muzak - que continuou funcionando sob a direção do meu ex-sócio, mas era muito mais um sebo especializado do que uma loja de discos efetivamente comercial. Também havia a rede A Modinha e a rede de supermercados Mendonça. Uma era um dinossauro, com os pés ainda fincado no vinil e  outra só trazia mesmo que havia de mais óbvio possível no mercado. N osso primeiro concorrente de verdade foi justamente o amigo, único convidado a comparecer, que filmara a inauguração da loja na Castro Alves. Ele abriu a sua loja mais para satisfazer um capricho da namorada do que, propriamente, por i

PLUG LASER: A HISTÓRIA NÃO CONTADA - PARTE IV

E ventualmente, recebíamos alguns artistas na Plug Laser , fossem como clientes ou até mesmo fornecedores. Seguindo a máxima de que todo artista tem que ir onde o povo está, muitas vezes comprávamos discos diretamente de alguns deles.  U m deles era o ex-integrante da lendária troupe dos Novos Baianos Gato Guima (foto) que sempre aparecia e contava seus causos. Outro era o sanfoneiro Zenilton que havia adquirido os direitos sobre seus discos da década de 70 e estava relançando e os revendendo em CD literalmente de porta em porta. Quando José Nilton Veras chegava na loja era uma alegria. Ele sentava na pequena namoradeira perto da porta e nos reuníamos em volta dele para ouvir suas histórias incansavelmente repetidas. E os clientes que chegavam iam se juntando e se encantando com os causos de Zenilton. Se alguém quisesse um CD seu ele nos perguntava quanto era, vendia e nos entregava o dinheiro. E, claro, acrescentava o título vendido avulso no nosso pedido. Seu Zé, como o chamávamos

PLUG LASER: A HISTÓRIA NÃO CONTADA - PARTE III

E m uma época em que não haviam shoppings na cidade, o horário de encerramento da Plug Laser era um diferencial importante para o sucesso da loja. Fechávamos todos os dias às 19 horas e, aos sábados, às 17 e muitos clientes iam fazer o "happy-hour" com uma latinha de cerveja na mão e discos a comprar. Outro artifício que rendeu boas vendas era, em época de cheques pré-datados, sem que ainda ocorresse a popularização dos cartões de crédito, oferecer aos clientes 40 dias direto para pagar. Ampliamos algumas vezes este prazo para 40-70-100, dividindo o valor em 3 vezes. O risco era o mesmo de se vender com cheque -  prática bastante comum naquela época - e a inadimplência eventual, pelo menos naquele momento, ainda não era preocupante. O utra estratégia que conquistou muitos clientes foi ter encomendado alguns milhares de bolsas feitas em um material chamado courino que, à época, era muito barato, e ofertado como brinde aos clientes que compravam uma determinada quantidade de d

PLUG LASER: A HISTÓRIA NÃO CONTADA - PARTE II

O s primeiros dias da Plug Laser no novo endereço não foram nada fáceis. Amargamos a falta de movimento natural de quando uma loja muda de lugar, aliado ao fato bastante curioso de que alguns de nossos antigos clientes criticaram o novo local nos acusando de crescer para buscar ter mais lucro. De fato, era exatamente esta a questão e eu tentei não me preocupar muito com isso. L ogo uma nova clientela surgiu e com ela a necessidade de aumentar o quadro de funcionários que, até ali, se resumia a um atendente herdado da Muzak. Um dos clientes da antiga loja que continuara nos prestigiando na Plug era um rapaz negro, que andava com uma jaqueta velha escrito "Vômito Religioso" e roupas rasgadas. Ele dizia que era gaúcho e que havia me conhecido quando passei uma temporada no Rio Grande do Sul. Eu, sinceramente, não lembrava dele por lá mas simpatizava com a sua curiosa figura aqui. C erto dia este rapaz me pediu um emprego. Eu olhei para ele e com a minha já conhecida sinceridade