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Mostrando postagens de outubro, 2021

A HISTÓRIA DA LP & OS COMPACTOS PARTE IX - RUA AUGUSTA

F oi em um destes primeiros shows nas casas dos amigos que conhecemos Gutão. Gutão - ou Guta - era um cinquentão ainda bonito porém muito castigado pelo tempo e pelos excessos. Ainda mantinha um certo ar de "menino do Rio", com jeito de garotão com 50 anos de praia, cheio de tic-tic nervosos adquiridos pelo abuso de drogas ao longo de muitos anos.  Gutão foi, literalmente, um capítulo à parte na história da LP & Os Compactos. Guitarrista de mão cheia - reza a lenda -  tocou no primeiro compacto do Camisa de Vênus no lugar de Karl Hummel, que estava muito nervoso e não conseguiu gravar. T ambém fora  roadie do Camisa de Vênus, tendo excursionado com o Capital Inicial, com os quais compôs a canção "Gritos", presente no primeiro disco da banda de Brasília. Trabalhou com o Legião Urbana, com Cazuza, Luís Melodia e com outros artistas do primeiro time do rock nacional e da MPB. Suas histórias desta época renderiam um livro - que ele nunca escreveu - de tão pitoresca

A HISTÓRIA DA LP & OS COMPACTOS PARTE VIII - SE VOCÊ FICAR

A o malfadado primeiro show na varanda do quarto dos fundos de nossa casa, seguiram-se outras apresentações na casa de Josias e na casa da irmã do vocalista Zé Mário. Todas meio mambembes, ainda com a lendária bateria eletrônica do teclado Cássio do pequeno guitarrista. Todas, porém, chegaram ao fim e, em uma delas, a então namorada de Zé fez "várias queixas" a respeito do seu comportamento:  - Z é bebe demais, corre demais quando está dirigindo, sai sem mim... E foi desfiando um corolário de contrariedades e aborrecimentos.  Eu não tive dúvidas e transformei tudo isto em uma letra de música. Foi assim que surgiu "Se Você Ficar", que viria a se tornar nosso "maior sucesso", a nossa canção mais elogiada, embora, nem de longe fosse a minha preferida. "S e Você Ficar" foi também a primeira música que escrevi sobre a vida de outra pessoa. Apesar da parte da letra onde eu seria obrigado a ouvir Julio Iglesias remeter a uma colega que tive no ginásio e

A HISTÓRIA DA LP & OS COMPACTOS PARTE VII - ADRIANA NA PISCINA

O s amigos já sabiam da existência da Zero AA Esquerda e estavam verdadeiramente ansiosos para o aguardado primeiro show da banda. Na verdade, não seria exatamente um show, já que ainda nem tínhamos baterista. Era mais uma apresentação-teste onde iríamos tocar e ver o que acontecia fora do palco. Ensaiamos arduamente para aquele dia e aquilo foi um verdadeiro evento. Vieram mãe, tia, primo, irmã, sobrinho e namorada do vocalista. Os pais e a irmã de Josias também compareceram. Meus irmãos, os tios por parte de mãe de meu filho, amigos dos integrantes da banda e algumas meninas do bairro vizinho. No dia, o quintal da casa de meu filho ficou surpreendentemente lotado, já que os amigos trouxeram seus amigos também. Já completamente dentro do espírito empreendedor e capitalista da banda, franqueamos a entrada mas cobramos pela cerveja, água e refrigerante. A o todo, sem medo de errar, ali estavam umas 100 pessoas. Todos acotovelados em um quintal, onde usamos a varanda como palco. O som e

A HISTÓRIA DA LP & OS COMPACTOS PARTE VI - O ADIVINHÃO

Q uando eu era menino, sempre assistia ao meio dia, logo ao chegar da escola, um capítulo da minha série preferida, o Agente 86. E um dos meus capítulos favoritos era  aquele em que Maxwell Smart e a Agente 99 investigavam o "Guru Legal", um DJ vilão que hipnotizava a garotada com um som sacolejante feito por uma banda sem baterista chamada "Vacas Sagradas". A imagem da agente 99 e de Max dançando ao som do grupo  jamais saiu de minha cabeça. Muito menos a imagem da tal banda. E m um tempo de muito psicodelismo, as "Vacas Sagradas" se vestiam com batas multicoloridas e chapéus com chifres. Eu sempre achei aquele nome e aquele visual  absolutamente fantásticos e sempre tentei batizar uma banda da qual fizesse parte com este nome. Jamais consegui.  P orém, finalmente, era chegada a hora. Aquele grupo tão disforme, também sem baterista, que estava sendo construído de maneira tão incomum, tinha que se chamar "Vacas Sagradas".  Todo mundo de acordo? N

A HISTÓRIA DA LP & OS COMPACTOS PARTE V - CATALEPSIA.

M ais que de repente,  do mais absolutamente nada, ficamos sem a peça fundamental, a mola mestra de tudo, a mestre dos magos, o nosso vocalista. Aquele que fomentara o nascimento do grupo, agora que as coisas estavam até caminhando, nos abandonava sem maiores explicações e nos deixando profundamente desconsolados. Bem...foda-se! Uma velha tia-avó minha costumava dizer que "soldado morto, farda em outro" se referindo a seus namorados da juventude. Arrumaremos outro. E encontramos o novo vocalista até com surpreendente rapidez. Descrente que pudesse dar certo, liguei para o meu amigo Paulo Nelli, que havia estado em várias bandas comigo, na maioria das vezes como vocalista, e, para a minha mais absoluta surpresa, ele topou.  Topou na hora. Paulo tinha a minha idade e foi a figura à frente de bandas que tive e que despontaram gloriosamente para o anonimato, como o Censura Prévia e o Uniforme. D e voz aguda, muito semelhante a do seu xará Paul Stanley, do Kiss, Paulo segurou os