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Mostrando postagens de fevereiro, 2015

TUDO QUE EU PRECISAVA: A BIOGRAFIA RESUMIDA DO THE CARS.

O s fãs do  Television têm motivos de sobra pra odiar os The Cars . Oriundos de Boston , que é para Nova Iorque , mais ou menos, o que Braga é para a cidade do Porto ou Niterói é para o  Rio de Janeiro , os  Cars chegaram à "grande maçã" (Nova York) com uma enorme disposição de fazer sucesso. Afinal, a banda já existia há 7 anos em 1979 e nunca havia sentido nem de longe o gostinho do estrelato. Foi quando um olheiro da Elektra assistiu um show do grupo e percebeu que a proposta musical era muito próxima à de uma outra banda na qual a gravadora investiu muito e não obteve grandes resultados. Lidar com o ego de Tom Verlaine , líder do  Television , não era nada fácil e o som pop-progressivo da "nova" banda era muito próximo do deles, com a vantagem de soar bem mais comercial. N a semana seguinte, o  Television estava sumariamente demitido da Elektra,   após dois retumbantes fracassos comerciais, os excelentes Marquee Moon e Adventure . The Cars , finalmente,

O DIA DE FOLGA DE JESUS.

S im, eu acredito em Inri Cristo . E porque não haveria de acreditar? Em um mundo onde as pessoas acreditam cegamente em tudo, eu acredito em Álvaro Thaís .  Álvaro Thaís é o nome de batismo de Inri Cristo . Nascido em um dia ensolarado de 1948, Inri , se não veio trazer luz ao mundo como aquele a quem afirma ser seu antecessor, ao menos, veio para que Deus testasse nossa fé. Sim, porque não há nenhum outro candidato a  ”Jesus Cristo” respirando neste momento, pelo menos entre os que eu conheço, que não tenha um claro interesse em usar da sua posição de “filho do homem” para tirar para si algum tipo de vantagem. O único que só teve a perder com a ideia fixa de ser o salvador da humanidade versão 2.0 foi o próprio Inri Cristo . E m seu simpático discurso a respeito do seu “pai”, Inri costuma dizer que “ninguém é obrigado a acreditar”. Ele se refere, especificamente, ao fato de que afirma ser a reencarnação de Jesus de Nazaré . E, confesso, nesta parte de seu discurso, e

FECHANDO O ÁLBUM DE RETRATOS.

B ons tempos aqueles, hein? Não. Não eram bons tempos. O bom tempo é aqui e agora. Tem que ser. Se você se sentia mais feliz com menos idade do que tem hoje, dá uma boa olhada dentro de si, faz uma “selfie espiritual” - em vez de zilhões de selfies fotográficas - e procura o que está errado dentro de ti. Sim, porque se você é saudosista demais, se você suspira profundamente quando vê alguma foto sua “de antigamente” ou uma filmagem velha e desbotada, é porque sua alma também envelheceu e desbotou. C alma, não há nada demais em envelhecer. Envelhecer é muito bom. Aliás, saber envelhecer é uma arte. Claro que, quanto mais avançamos na idade, fazemos um flashback mental e buscamos entender nossos erros e porque chegamos até aqui assim tão insatisfeitos. Sim, porque sempre estaremos insatisfeitos com alguma coisa. Provavelmente, até o Bill Gates se olha no espelho algumas vezes e acha que fracassou. Imagine eu e você. O  budismo ensina sobre a transitoriedade da vida e o

FILOSOFICAMENTE GORDO.

N este carnaval eu me despedi oficialmente do adjetivo “gordo”, ao -  finalmente - depois de dois anos, chegar aos dois dígitos na balança. Há exatos 24 meses atrás, iniciei um regime que tinha exatamente a previsão de durar dois anos. Pesava então exatos 133 kg. Não que este peso todo me causasse grandes problemas. Minha pressão costumava surpreender os médicos por ser baixa demais para alguém com o peso que eu tinha. Certo que sentia algumas dores no joelho, mas a saúde do homem de muitas arrobas estava definitivamente ok. A minha preocupação também não era estética. Eu mesmo me prefiro visualmente gordo. Magro, pareço com um ponto de exclamação de cabeça para baixo. Na verdade, emagreci basicamente por duas razões: Uma porque não quero chegar aos 50 anos pesando muito, pois não sei se minha saúde continuará assim tão perfeita com a velhice que já se faz vislumbrar no horizonte. Duas porque queria, finalmente, poder escolher o que vestir. S im, porque o gordo

O ROCK DO CAMALEÃO - AS BANDAS QUE MUDARAM DE ESTILO (PARTE I).

I maginem um grupo de música negra, bastante famoso, como por exemplo, o  Kool & The Gang,   que resolve mudar a direção musical  sei lá, para a bossa-nova ou para o reggae. Ou um grupo de reggae se transmutando, quem sabe,  em uma banda de funk. Pois é, é quase impossível que algo assim aconteça. A não ser que a banda em questão seja uma banda de rock.  Aí, tudo é possível e só o céu é o limite para tanta indecisão. Sou gótico ou sou headbanger ? Punk ou bossa-novista ? Sou new-waver ou salseiro de quinta ? É sobre as mudanças "inacreditáveis" que algumas de nossas mais prestigiosas bandas já passaram , que vamos tratar aqui. NAKED - Talking Heads (1989) - O s Talking Heads, desde sempre, foram muito indecisos quanto ao próprio direcionamento musical. Começaram como uma banda punk (no sentido nova-iorquino da coisa) no início da carreira. Lançaram um disco experimental sem sintetizadores e outro ainda mais experimental, entupido de sintetizadores, em parceria com

TOP FIVE - OS MAIORES BATERISTAS DO ROCK.

E m uma das bandas em que toquei pela vida afora, sempre que eu me lamentava dos problemas com bateristas, nosso produtor me consolava dizendo que eu relevasse, pois "todo baterista é problemático". Eu bem que sei disto, pois, curiosamente, ingressei na música pelo instrumento. Comecei a tocar bateria aos 15 anos, em uma protobanda cujo kit percussivo era formado por gavetas de guarda roupa e uma luminária de poste de rua que servia de prato. Mais tarde, toquei em outras bandas que despontariam para o anonimato e só depois passei para a guitarra, por simples falta de guitarristas para tocar. Então, praticamente estas primeiras foram as bandas que tive em que nada tinha a reclamar do homem das baquetas, já que o tal batuqueiro era eu mesmo. Já os outros instrumentistas... M as, puxando a brasa para minha antiga sardinha, e sem também querer bancar o advogado do diabo, tocar bateria é mesmo uma opção de gente não muito convencional. Bate-se em um monte de tambores e prat

O CLUBE AZUL.

P arado na porta do clube azul,  observo pacientemente o meu jardim. É lá, no meu jardim, que venho gastar algumas horas do meu escasso tempo, em busca de alguma coisa que eu não sei bem o que é. Quando eu entro no clube azu l, a luz ilumina o meu rosto e exibe o meu sorriso sem graça para os amigos que por lá encontro. Hoje é o aniversário de alguém, até preciso saber quem é,  para que eu lhe dê um abraço burocrático e uma felicitação mecânica. Quando for o meu aniversário, os que frequentam o clube azul farão a mesma coisa. É assim que o clube azul funciona. O clube azul é enorme. Cheio de salas, silencioso e aparentemente sereno, em um falso torpor que nem de longe é capaz de traduzir a falta de tranquilidade de alguns sócios que o frequentam. Não é um ambiente totalmente familiar, nem um simples bar, onde encontramos os amigos e, muito menos, apesar de às vezes parecer, um asilo de loucos. A maioria nem sabe direito porque vem tanto no clube azul ou porqu

O DIA EM QUE O U2 FALIU UMA BANDA.

Q uando o grupo norte-americano Metallica , em sua ensandecida luta contra o Napster, no início do milênio, chegou a impedir fãs de terem acesso a Internet, certamente achou que estava lutando contra uma minoria de piratas virtuais conspirando para lhes tirar parte do enorme quinhão de dólares que forra suas contas bancárias. Nos EUA, onde ocorreu o impedimento judicial, um fã tem muito mais possibilidades de assistir a um dos caríssimos shows da banda, e certamente, quem passou um ano proibido de acessar a web, fez questão de não dar nem mais um dólar ao grupo de Lars Ulrich . Pior fez quem, mesmo não sendo impedido de ter acesso ao mundo virtual, se sentiu muito indignado com o fato e se solidarizou com os outros fãs. Eu mesmo só não deixei de ser fã do Metallica por um simples motivo: nunca gostei muito mesmo da banda. J á o U2 , banda tão envolvida em causas sociais, tão "do bem" que esquece até de fazer música para praticar boas ações, sempre deu declarações a

JOE STRUMMER, UM COMBATENTE DO ROCK.

J oe Strummer nasceu em 1952, em Ancara, na Turquia. Filho de um diplomata, John Graham Mellor, - seu nome verdadeiro - nunca se rendeu à sua boa condição financeira e desde a adolescência se interessava fortemente por questões sociais. Em 1972, fundou o grupo The Vultures , onde cantava covers de clássicos do rock e rhythm and blues. A banda tinha apenas um único número original, "Country Boy At Heart", que muitos anos depois, serviria de base para "Death Is a Star" , canção que encerra o lado B do álbum "Combat Rock", dos  The Clash . E m 1974, aos 22 anos, fundou a banda  The 101 All Stars , logo rebatizada como The 101'ers . O nome era uma referência ao endereço do "cafofo" onde os integrantes do grupo moravam. O som dos 101'ers era uma espécie de pub-rock mal tocado, mas que já trazia sinais indeléveis do estilo musical que seria forjado pelo seu futuro conjunto. Nesta época, Strummer atendia pelo cognome de "Woody Mellow&

EDUCAÇÃO ARTÍSTICA: UM CAFÉ COM DONOVAN

D onovan - Beat Café (2005) - D onovan Litch sempre foi, de forma muito injusta, considerado uma espécie de subproduto do folk-rock, um reles imitador de Bob Dylan . Enquanto Dylan caminhava seguro pela estrada de tijolos amarelos do folk , mesmo quando resolveu eletrificar sua música, Donovan sempre foi ousado em suas experimentações psicodélicas, tintinando com cores fortes e estouradas a música pop de seu tempo e abrindo espaço para o bubblegum dos anos 70, com suas melodias grudentas e se firmando como grande influenciador de grupos ingleses dos anos 80, como The Cure.   D urante 1975 e 2005, Donovan permaneceu recluso mas de forma nenhuma parado. Seu disco "Beat Cafe" , lançado em 2005, é a prova maior disso. Donovan é mestre na arte de fazer sempre o mesmo disco e, ao mesmo tempo, recheá-lo de pequenos detalhes interessantes que o tornam inovador e diferente.  O que vemos nas 12 faixas de Beat Cafe é um disco rigorosamente preso ao formato "Dono

EDUCAÇÃO ARTÍSTICA: O GRANDE FUNK DE 69.

O ano de 1969 foi muito importante na história da humanidade  e na música pop também não foi diferente. O movimento flower-power , já devidamente encampado pelo sistema, atingia seu auge com o festival de Woodstock , mas a tragédia de Altamont já anunciava o fim do sonho que John Lennon viria a decretar pouco tempo depois. B andas inglesas como o Black Sabbath e o Cream , e americanas, como o MC5 , os Stooges e o Grand Funk Railroad já traziam uma nova linguagem mais "violenta" e menos passiva, que viria, anos depois, a dar no que se convencionou chamar de punk rock . A base norte-americana deste novo som era a cidade de Detroit. Bandas como Amboy Dukes , os já citados MC5 e Stooges e o Cactus começavam a acontecer, alicerçados pelo sucesso de seu filho mais famoso, um certo guitarrista chamado Jimi Hendrix. D a pequena cidade de Flint , no estado de Michigan , surge uma banda que viria a ser um dos primeiros power-trios ianques, curiosamente batizada co

O CARNAVAL É SAGRADO.

O carnaval é uma festa religiosa. Simples assim. Se você é religioso, pode espernear, reclamar, mas nada irá mudar o fato de que a “festa da carne” está lá, encravada entre o natal e a páscoa, e há uma razão para isto. Aliás, para falar de verdade do carnaval, é preciso falar, antes, do Natal. Do Natal? Sim, do Natal. Em primeiro lugar, sinto muito, mas o Natal não tem tanta relação com o nascimento de Jesus quanto lhe contaram. A suposta data de nascimento do Salvador, 25 de dezembro, marca o fim do solstício de inverno no hemisfério norte, que é quando se interrompe o ciclo de dias mais curtos e noites mais longas. No dia 22 de dezembro o sol “estaciona” no céu (nasce e se põe exatamente no mesmo lugar), fica parado durante três dias e “ressuscita” no dia 25. Inicia-se, então, um novo ciclo de dias mais longos e noites mais curtas. Quem nasce, ou melhor, na verdade “renasce”, no dia 25, é o sol. A comemoração natalina é, portanto, anterior, ao nascimento de Jesus. E

AMAR É PARA AGNÓSTICOS.

R eencontro a ex-namorada em uma mesa de bar, após décadas sem nos vermos. Praticamente fomos os primeiros namorados um do outro e vivemos um relacionamento difícil, marcado pela distância enorme entre as cidades em que morávamos. A relação, que resistiu tão bem à distância, não resistiu à proximidade, quando finalmente passamos a estar juntos, no mesmo lugar. Enfim, suportamos a um oceano inteiro de sonhos e sucumbimos às adjacências do cotidiano. A ex-namorada agora está mais velha, mais madura, e eu também não sou mais aquele menino que ela conheceu. Minha ex, na verdade, está bastante diferente. Para começo de conversa, não é mais “minha”. Mania esta do ser humano de querer ter posse até do que já não lhe pertence mais.  A “ex” me lembra muito o indivíduo que eu me tornei após o fim do meu primeiro casamento: Confuso, contraditório, elétrico, impaciente e um tanto demudado. A ex-namorada me conta que também terminou seu primeiro casamento, igualmente de ma

CHICLETEIRO EU?

E naquele carnaval de Salvador, em 2015,  não houve um Chiclete Com Banana na avenida. Poderia ser a notícia que eu estaria esperando por toda uma vida, pois, simplesmente, não gosto da banda. Entenda-se por não gostar, não gostar mesmo. É não se salvar – para o meu gosto, claro - nenhuma música do grupo de Bell Marques . Neste ponto, gosto até mais de Pablo do Arrocha , de quem seleciono um par de canções engraçadinhas que podem ser ouvidas por mim sem grandes sinais de enjoo. Mas tolo fui eu que imaginei que a saída de Bell implicaria no fim da banda. Eis que ela ressurge agora em dobro: Cabeça e corpo, doravante, de hoje em diante, agem em separado. A liás, a solução, na verdade, é o problema: O Chiclete Com Banana não é mais o grupo de Bell Marques . A música baiana tem essa qualidade incomum, digna de um episódio da série americana Sobrenatural : Corta-se a cabeça do monstro e, em vez dele morrer, ele se duplica. E eis que agora temos dois Chicletes no carnaval: O