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Mostrando postagens de outubro, 2015

Um disco por ano de vida: The Doors - "Morrison Hotel" (1970)

"M orrison Hotel" ou, como se chamava originalmente, antes de ter o longo  título abreviado, "Morrison Hotel/Hard Rock Cafe", não é o terceiro e sim, o quinto disco de carreira da banda californiana The Doors . Mas, funciona perfeitamente como um terceiro disco, com todas as mudanças de direcionamento que envolvem uma banda que chega ao terceiro trabalho. T endo gravado quatro discos no espaço curto de dois anos, algo bastante comum naqueles tempos de petróleo barato - matéria prima do vinil - , criatividade em alta e bonança financeira, a banda parecia ter chegado em uma encruzilhada artística. Com o vocalista Jim Morrison respondendo processo criminal por obscenidade - teria mostrado o pênis à plateia em alguns shows - e correndo o risco de passar uma temporada na cadeia, o jeito era gravar o máximo de apresentações possíveis para o lançamento de um disco ao vivo que cobriria o período de férias forçadas pelo qual Morrison  fatalmente passaria. T antos s

Porque não ter uma banda de rock depois dos 30.

T er uma banda de rock deveria ser absolutamente proibido para maiores de 18 anos. A não ser, claro, ter uma banda de rock amadora, de garagem, feita exclusivamente para a diversão. Ainda assim, deveria ser proibido às bandas deste estilo, mesmo que as amadoras, mudanças na formação original após a maioridade de seus integrantes. C laro, não é literalmente isto que eu quero dizer. Óbvio que, às bandas de rock, absolutamente nada deveria ser proibido. O que eu afirmo é que agrupamentos roqueiros só deveriam ser formados por integrantes jovens e amigos entre si. Porque só a paixão pela música não é suficiente para que uma banda de rock se manter unida. É preciso, antes de qualquer outra coisa, amizade. Talvez, dinheiro, em alguns casos específicos. Mas sem amizade, até o dinheiro é esquecido. J á toquei em muitas bandas de rock ao longo de meus quase 49 anos de idade. Aliás, toco desde os 13, quando formei, com amigos do ginásio, a banda Shirts Pants,, ainda em 1979. Eu tocava

O tinhorão e o brasileiro.

T inhorão está mais do que certo, Tom Jobim é mesmo uma espécie de barriga de aluguel da música popular brasileira. Antes de mais nada, permitam-me apresentar às novas gerações o crítico de música José Ramos Tinhorão , uma espécie de Lester Bangs ultra conservador, que desafinou o coro dos contentes da bossa nova nos anos 50, e foi a pedra no sapato daqueles compositores da MPB que costumamos tratar como ídolos inatacáveis. S ó por isto, iconoclasta de carteirinha que sou, Tinhorão  já mereceria o meu respeito. Mas, além de sua língua ferina, José Ramos Tinhorão sempre fundamentou, e muito bem, as suas acusações de plágio, que não pouparam sequer Cartola e sempre tiveram em Antônio Carlos Brasileiro Jobim seu melhor alvo. A os 87 anos, José Ramos Tinhorão continua lúcido e ativo. Em 2012 escreveu um de seus mais polêmicos livros, chamado "Festa de negro em devoção de branco", sobre a influência da cultura negra nas festas religiosas do catolicismo europeu. E, n

A balada de Lucy Jordan.

U ma canção do poeta e compostor norte-americano Shel Silverstein , gravada originalmente pela banda americana Dr. Hook e eternizada na voz da inglesa Marianne Faithfull trazia versos contundentes sobre uma mulher quarentona que, finalmente percebera, não seria nada demais na vida. Um dos versos de The Ballad Of Lucy Jordan afirmava: "Com a idade de 37, ela finalmente se deu conta que não andaria pelas ruas de Paris em um carro esporte com o vento esvoaçando os seus cabelos". Diferente de Lucy Jordan, eu não demorei tanto tempo para me dar conta disso e logo me preparei para a vida comum e cotidiana que seria o mais provável que eu teria a viver nestes anos todos. Shel Silverstein H á quem diga que me inveje e eu realmente não consigo entender como e porque. Me dizem que eu consigo gerir a minha vida com uma constância e estabilidade que, segundo estes amigos, "chega a ser irritante". Afirmam não querer me perguntar o segredo porque não sabem se realment

Descascar a tangerina. Ou não, eis a questão.

L aranja mimosa, laranja-cravo, poncã, pocan, bergamota, vergamosa, mexerica, fuxiqueira, laranja cravo, mandarina ou  clementina. Não importa que nome tenha, a depender da região do país onde o leitor possa estar, a tangerina reina soberana entre as frutas cítricas. Há quem prefira a laranja, outros preferem o limão, alguns paladares mais exóticos dão conta da lima ser sua preferida, mas que outro cítrico reúne tanta perfeição em forma de fruta senão a tangerina? P ode não ser a mais bela das frutas, nem mesmo a mais saborosa, mas o reinado da tangerina tem relação c om as inúmeras qualidades que carrega: fácil de descascar, mais fácil ainda de consumir, aquosa, refrescante, saudável, de gomos belos que se destacam um do outro com enorme facilidade. E ainda por cima, tem um nome, o oficial, de raríssima beleza: Tangerina. A origem de seu nome vem do inglês Tanger Orange , que significa “Laranja de Tanger”, entregando de imediato o lugar onde foi encontrada pela primeira ve

Guia para não comprar um notebook em Feira de Santana.

Lojas defasadas, vendedores despreparados e preços astronômicos em uma verdadeira epopeia em busca de um simples produto eletrônico. E ntrei na loja meio ressabiado, pois apenas dois dias antes havia sido inacreditavelmente mal atendido por uma jovem vendedora. Estava em busca de alguns metros de fio para fazer um cabo de conexão à internet e cotava preços quando a vendedora me perguntou se eu havia encontrado o produto por um preço menor e afirmei que sim. Então ela me perguntou a marca e quando falei, desdenhou afirmando que tal marca - que a loja não vendia -  era "para quem gosta de porcaria". O fã de porcaria aqui agradeceu, deu as costas e foi comprar no estabelecimento ao lado, que praticava o mesmo preço e tinha atendentes mais preparados. D e volta à mesma loja para me informar sobre um notebook, evitei a vendedora e perguntei a um outro vendedor sobre portáteis com processador Intel i3. Ele me apresentou a um terceiro vendedor que me pediu para sentar e res

Porque não financiar a Wikipedia.

Q uem precisou consultar a Wikipedia ontem deu de cara com um anúncio em letras garrafais, um pedido quase desesperado por doações.Eis o texto, na íntegra: "Q ueridos leitores, vamos direto ao assunto: Hoje pedimos que você ajude a Wikipédia. Para proteger a nossa independência, nunca iremos publicar anúncios. Nós sobrevivemos de doações de cerca de  R$25 . Apenas uma pequena porção dos nossos leitores doarão. Agora é a hora que pedimos. Se todos lendo isso agora doassem R$10, a nossa arrecadação de fundos terminaria em uma hora.Se a Wikipédia lhe tem sido útil, pedimos que dedique um minuto para mantê-la online e livre de publicidade. Nós somos uma pequena organização sem fins lucrativos com custos inerentes a um website de ponta: servidores, colaboradores e programas. Servimos milhões de leitores, mas funcionamos com uma fração do que os outros sites gastam. A Wikipédia é muito especial. É como uma biblioteca ou um parque público, onde todos podem ir para aprender. A Wikipé

Eu odeio os haters.

N ão faz muito tempo, uma dançarina de funk,  de quem eu nunca tinha ouvido falar antes, foi assassinada brutalmente pelo próprio marido com dez coronhadas e cinco tiros no rosto.  Amanda Bueno ,  a vítima,  sofreu um linchamento moral nas redes sociais que só não foi pior mesmo que a sua trágica morte. A agressão pública à moça após o seu falecimento  foi promovida pelos mesmos tipos de sempre.  Gente disposta a  enfiar o dedo na ferida dos outros sem a menor piedade, certas da impunidade e anonimato. Estas pessoas são conhecidas na internet como “haters” (odiadores) e, pelo menos duas delas,  que teceram comentários absurdos sobre  a dançarina,  foram localizadas e chegaram a ser inquiridas pelo programa CQC .  Claro que todo aquele ódio virtual se esvaneceu em vergonha, pedidos de desculpas e tentativas débeis de explicar o inexplicável. F alando em televisão, já imaginou se os canais abertos de TV  oferecessem a possibilidade de seus telespectadores emitirem  comentário

O Universo é Deus.

P ense no universo como o corpo de Deus. Aliás, se você não acredita em nenhuma forma de divindade, ainda que seja ela a mais etérea e dissociada de adoração possível, nem deveria continuar a ler este texto. Não é que você realmente não deva, é que apenas não precisa. Mas, se, ainda assim, quiser continuar lendo, seja bem vindo. M as, de fato, este texto é mesmo dirigido a quem crê. E, sim, eu creio. Não em um deus humano, criado à imagem e semelhança do homem, mas em uma divindade tão complexa quanto o próprio Universo.  Já viveu aquela experiência sensorial de perceber que o Universo estaria conspirando contra ou a favor de que algo acontecesse? Pois é, isto, aliado ao que chamamos de "instinto", para mim, nada mais é, ou melhor, "tudo é", senão o "falar de Deus". Nós é que, algumas vezes, nos recusamos a ouvi-lo. A ssim como eu, você também já deve ter ouvido da boca de algum religioso que Deus sabe de tudo. Talvez você seja, até, este religios

We are the f*****g world!.

N esta primeira semana de julho, o disco  We Are The World, do projeto USA For Africa , encabeçado pelos músicos norte-americanos Quincy Jones ,  Michael Jackson e Lionel Richie , e reunindo aquela que era, à época, a nata da música pop ianque,  completa três décadas de seu lançamento. Surgido como uma resposta americana ao projeto inglês Live Aid , e supostamente com as boas intenções de trazer alguma luz ao problema da fome na África, o USA For Africa sucumbiu ao excesso de ego de seus participantes. O que deveria ser a reunião de pessoas interessadas em ajudar a resolver, ou ao menos atenuar, um dos mais graves problemas do planeta, se transformou em uma insuportável batalhas de egos, uma competição para ver - ou ouvir - quem gritava mais alto.  E, após o lançamento, o disco se tornou um dos mais vendidos de seu tempo, com artistas até então pouco conhecidos no resto do mundo catapultando a sua carreira. Mas a fome no continente africano, de lá para cá,  só continuou aum

Diário de um ex-gordo.

E ste período de festejos de São João eu resolvi fazer aquela renovação do meu guarda-roupa que eu adio há dois anos e meio. Não se trata de capricho estético nem de falta de dinheiro mas, sim, de um regime alimentar que me levou embora para mais de 40 quilos. Resolvi esperar chegar ao peso a que me propus no início da dieta para, finalmente, comprar roupas. Assim, saberia exatamente que tamanho e número comprar. Em 2013 M eu regime não se deu por razões de saúde. Obeso, eu tinha pressão quase normal, menor que a de muitos magros e um check up antes do início do regime detectou que, fora uma gordurinha no fígado, estava absolutamente tudo normal comigo. A razão para eu querer emagrecer é um tanto prosaica:  Eu estava cansado de ser gordo. Nada contra os gordos, aliás continuo mantendo o meu gosto pelo padrão de beleza renascentista e amando as mulheres mais cheinhas. Tanto que incentivo sempre o aumento de peso da minha amada, a despeito de seu absoluto desespero em engordar.