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Mostrando postagens de 2017

O menino que me ensinou a ser homem

Q uando eu era bem menino, por um instante, acreditei piamente que saberia dirigir naturalmente. Entrei no fusca verde de meu pai e dei a partida. Eu já tinha experimentado antes  ligar a ignição e fazer o carro funcionar e achei que era só isto, que seria fácil dar uma volta pela  quadra e retornar em segurança para o mesmo lugar. A contece que eu não sabia que um carro precisava de uma combinação de marchas e pedais para funcionar. Em minha cabeça infantil, imaginei que era suficiente fazer o volante girar e estava pronto para a minha grande aventura pelo bairro. E u tinha cerca de oito anos à época e minha triste aventura terminou antes mesmo de começar. Ao ligar o carro e ele começar a andar - a rua onde eu morava era levemente enladeirada - me arrependi imediatamente e pisei no freio. Quer dizer, eu achava que era o freio, mas era o acelerador. O carro de meu pai, recém saído da oficina, encontrou violentamente o muro do vizinho. H oje, cá do alto dos meus mais de 5

O dia em que minha banda tocou com Alceu Valença.

O show iria acontecer em uma pousada, bem em frente à mítica casa de Alceu Valença em Olinda, Pernambuco. Era inauguração das novas instalações e o proprietário nos convidou, direto de Feira de Santana, na Bahia, para tocar no evento. Viajamos uma madrugada inteira de carro mal sabendo o que nos esperava. Logo cedo, na manhã de sábado, a simpática esposa do cantor vizinho já havia perguntado de onde era aquela banda que iria se apresentar e o que ela tocava. Atendendo a pedidos, ela confirmou a presença de Alceu que, da sua sacada, assistiria ao show literalmente de camarote.  O que ninguém esperava é que o próprio Alceu Valença descesse e viesse até o palco, após tocarmos  a canção Cometa Mambembe, do seu amigo feirense Carlos Pitta: - Vocês são de Feira de Santana? Ah, são da terra de Pitta... E então veio a pergunta: - Vocês tocam alguma música minha? O vocalista apontou para mim, o guitarrista, como se indicasse um culpado: - É ele que esco

A verdade é incontestável.

Uma amiga, munidas das melhores intenções, me envia, via whatsapp, um texto que alerta sobre os malefícios da Coca-Cola, Fanta Laranja e Uva, recheado de mentiras sobre substâncias proibidas que não existem e institutos fictícios que atestaram o perigo  em consumir tais produtos. Alertei-lhe que tal texto já havia sido desmascarado como uma farsa e ela me respondeu que não importava muito pois refrigerantes fazem mal à saúde. Concordei com ela, mas retruquei que não era correto prejudicar uma empresa, divulgando notícias falsas. Ela me chamou de "sr. incontestável" e eu lhe disse que o meio não pode jamais justificar os fins, em uma inversão proposital do famoso dizer popular. A verdade é, de fato, incontestável. Assim como é incontestável que refrigerantes não fazem bem à saúde, é incontestável também que deveriam ser julgados pelos motivos corretos e não por mentiras e exageros da web. É claro, minha amiga teve as melhores intenções em repassar o e-mail, principa

"Como a música ficou grátis" - Stephen Witt (Resenha)

"Como a música ficou grátis", de Stephen Witt, apesar do tema interessante para quem lida com música pop, tinha tudo para ser um livro chato e maçante de ler. A princípio - e apenas a princípio -  a história do processo que levou à  gratuidade da música através dos downloads ilegais não seria exatamente o assunto mais profundo e complexo da face da Terra, capaz de fazer o leitor se debruçar sobre 271 páginas de um livro. Ainda mais que Witt conta esta história narrando as aventuras e desventuras de apenas três personagens:  Um funcionário de uma fábrica de cds nos Estados Unidos, chamado  Dell Glover - que teria sido o primeiro "pirateiro" da história, ou o "paciente zero" da pirataria, como Witt o chama -, um magnata da indústria fonográfica, o lendário executivo Doug Morris e os engenheiros alemães inventores da mp3. O livro toma a forma de um romance, intercalando as três histórias em capítulos, deixando "ganchos" irresistíveis, com

"1001 Discos para ouvir antes de morrer" - Vários autores (Resenha)

"1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer", um calhamaço de quase 2 kg de peso e  que poderia ser uma espécie de bíblia da música pop, definitivamente, não cumpre o que promete. Mais do que um punhado de resenhas sobre discos que deveriam ser ou soar essenciais, reúne-se no tomo um coletivo de álbuns cujo critério mais parece político do que absolutamente artístico. Se o livro se chamasse algo como "1001 dos discos mais importantes da música pop" ou coisa assim, não haveria o menor problema, mas o diabo é a pretensão de agrupar tantos discos que, a princípio, deveriam ser tão deliciosos como um sorvete em um dia de calor ou indispensáveis como o ar que se respira. E é neste ponto que o livrão falha miseravelmente. Não que a publicação em si seja dispensável ou supérflua. Não é. Pelo contrário. Impressa em papel de excelente qualidade, bem encadernada e, principalmente, barata, "1001 discos para ouvir antes de morrer" é um perfeito livro de consult