Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de janeiro, 2016

Um disco por ano de vida: "Never Mind The Bollocks, Here's The" - Sex Pistols (1977)

O ano de 1977 foi tão prolífico para a música pop que até o disco de estreia do brasileiro Sidney Magal veio excelente e recheado de hits. Porém, escolher um lp para resenhar e representar este ano único - ainda que, naquele momento, eu fosse apenas um garoto de onze anos fã de disco-music - não poderia ser uma tarefa mais simples. Ainda que 77 tenha sido o ano de lançamento de discos tão maravilhosos e importantes quanto  os primeiros do The Damned, The Clash, Talking Heads e Television , é mesmo Never Mind The Bollocks, Here's The Sex Pistols, lançado em outubro daquele ano ,  o disco mais representativo daqueles doze meses. A liás, Sex Pistols é, praticamente, um sinônimo de 1977. As novas gerações não foram tão impactadas por este disco quanto poderiam ser ou deveriam e acho que, sinceramente, foi pior para eles. Talvez, se houvesse ao menos um Sex Pistols por década,  durante todos estes anos, a música não tivesse se tornado tão establishment e "bundona"

Tesouros da Juventude: "30 Greatest Hits" - The Rolling Stones (1978) - Parte II

O lado A começa energético com "Let´s Spend The Night Together", uma das mais deliciosas canções já gravadas pelos Stones. Depois, vem a igualmente apetitosa "Tell Me", uma das primeiras composições originais da dupla Jagger e Richard . "It's all over now" é um rhythm'n'blues violento de Bobby  Womack , muito bem coverizado pela banda. "Good Times, Bad Times" é um blues comum, porém com um andamento levemente quebrado que o deixa mais palatável. "Time is on My Side" é a canção monstruosa de Jerry Ragavoy que os mais incautos juram ser dos Glimmer Twins . Mas não é. Gravada um ano antes pelo trombonista Kai Widing , com a participação de Cissi Houston e Dione Warwick , a canção só estouraria mesmo no ano seguinte, com o bando de Jagger. "H eart of Stone" é uma balada sem muito brilho, enquanto "Last Time" é um rock virulento de riff repetitiva, prenúncio da fórmula que se repetiria carreira afora.

Tesouros da Juventude: "30 Greatest Hits" - The Rolling Stones (1978) - Parte I

A minha bíblia musical tem 30 livros. Ou melhor, 30 faixas. É um álbum duplo, batizado criativamente como " 30 Greatest Hits " e lançado por aqui, de forma bem precária em 1978, pela Som Livre, reunindo singles dos Rolling Stones entre 64 e 71, incluindo os lados B. O disco não trazia encarte, a capa mostrava uma insólita formação de seis Stones - fotos de Brian Jones e seu sucessor Mick Taylor - e a economia de papel fez com que os dois vinis se apertassem em uma embalagem de disco simples. Ainda assim, é um álbum absolutamente essencial F oi meu primeiro disco dos Stones, aliás, um de meus primeiros discos de rock. O álbum duplo  enviesado , eu comprei, pra variar, em uma promoção de uma rede de lojas em processo de falência em minha cidade e o ouvi tanto, mas tanto, que cheguei a riscar algumas faixas. Hoje em dia, quando eu ouço, por exemplo, Satisfaction , inevitavelmente lembro do momento exato em que a agulha "enganchava " e não seguia em frente, nem

Um disco por ano de vida: "Too Much Too Soon" - New York Dolls (1974) - Parte II

M uito do "nada" que aconteceu na carreira dos New York Dolls até 1974, deveu-se, antes de qualquer evento ou pessoa, a eles mesmos. Sempre envolvidos com drogas, não deram ouvidos ao produtor Todd Rundgren , que reclamou da falta de um single consistente para sustentar o álbum que produzira, e ainda saíram falando mal do trabalho do músico na produção do disco. Para o segundo lp, que já estava previsto no contrato original com a Mercury, a banda resolve chamar ninguém menos que o lendário Shadow Morton . Ao chegar ao estúdio, Morton se deu conta que, simplesmente, não havia o que gravar. Mais interessados em sexo e drogas do que em rock and roll, os Dolls não prepararam material suficiente e o jeito foi recorrer a covers e material retirado das fitas-demos ainda anteriores ao primeiro LP. S hadow Morton era um produtor famoso  pelo trabalho com as girl-groups dos anos 60, em particular as Shangri-las , das quais Johanssen e Sylvain eram fãs. Morton , naquele mom

Um disco por ano de vida: "Too Much Too Soon" - New York Dolls (1974) - Parte I

O rock'n'roll é cheio de "causos" e um dos mais folclóricos envolvem as bandas New York Dolls e Aerosmith .  No início de 72, os dois grupos eram ilustres desconhecidos tentando um lugar ao sol em Nova Iorque. As duas bandas, apesar de já terem, naquele momento, cada uma, uma forte personalidade própria, eram muito parecidas entre si, ao menos em um curioso ponto: Ambas eram lideradas por clones de Mick Jagger , vocalista dos Rolling Stones , a saber, David Johansen pelos New York Dolls e Steven Talaricco  - ainda não havia adotado o nome artístico de "Tyler" - pelo Aerosmith . U m belo dia, os New York Dolls , que, diga-se de passagem, tinham muito mais "credibilidade de rua" do que sua irmã bi vitelina, conseguiram uma audição com um "olheiro" da gravadora Columbia. Tal audição se daria em um show da banda no clube Max Kansas City e estava tudo certo para as bonecas de Nova Iorque, finalmente, conseguirem seu contrato. 

Até eu?

A maior de todas as impressões erradas a meu respeito é a de que eu seria ateu. Certo que, até eu mesmo já tive esta impressão errada sobre mim, mas faz muito tempo que meus dias de descrente se foram. Hoje acredito em um ser, não exatamente superior, não exatamente um ser, mas um agente "emanador", que está presente em mim e em tudo que vive sobre o universo. N ão acredito em céu, muito menos em inferno, também não acredito em vida após a morte, reencarnação ou ressurreição dos mortos. Acredito, da mesma forma que o ateu Stephen Hawking , na perfeita extinção. Morremos e sumimos do mundo para irmos a lugar nenhum. E deveríamos até nos sentir muito confortáveis com esta ideia, mas não. Queremos a prolongação das misérias terrenas, agora no paraíso, como se Deus fosse tolo o suficiente para contradizer seu agente mais que perfeito, a natureza. S im, porque a natureza, e consequentemente Deus, é dinâmica. Nela, nada se cria, tudo se transforma. A imortalidade humana

A morte do camaleão.

D avid Bowie não era um gênio . Chamá-lo assim é como desperdiçar o termo duas vezes. Uma porque, ainda bem, ele não se enquadra na definição clássica de gênio. Um gênio se leva a sério e Bowie sempre soube rir e chorar de si mesmo o suficiente para fugir desta definição simplista. Duas porque, quando nos referimos a Bowie ,  é impossível não dizer que o músico  sempre foi um visionário. E é esta qualidade,  única e especial, que costuma ser sempre subestimada em prol dos confetes que sempre foram jogados nele a vida inteira.    D avid Robert Jones completou 69 anos no último dia 8 de janeiro. Exatamente dois dias depois, no dia 10, domingo, faleceu vitimado por um câncer contra o qual estava lutando havia mais de um ano e meio. Pegou o mundo inteiro de surpresa., como aliás, sempre foi a tônica da sua arte: Surpreender, chocar, fazer sorrir e chorar quase que ao mesmo tempo. E o ponto final da sua brilhante carreira não poderia ser diferente. Bowie planejou até o seu murmúrio

O enterro do amor

O amor é um sentimento redundante e incoerente. Depois do amor, enquanto há ódio, ainda há alguma esperança. Quando sobrevêm a indiferença, o amor está definitivamente morto e enterrado. Uma antiga canção soul, da obscura banda norte-americana The Persuaders, já afirmava em seus versos que a linha que separa o amor do ódio é muito fina. Já a que separa o amor da indiferença é grossa como uma corda de atracar navios. Dificilmente será rompida para que o desprezo se transforme novamente em paixão. O ódio é o amigo falso do amor, e a indiferença, o seu maior inimigo. Enquanto sentimos raiva, enquanto ardemos em pensamentos de vingança pelo abandono sofrido, enquanto sentimos o enorme desejo de provar ao objeto outrora amado de que podemos ser ainda mais felizes sem ele, o sentimento de raiva ainda pode voltar a ser amor. Quando a indiferença toma o seu lugar, quando olhamos para aquele ser que tanto amamos no passado e percebemos que não sentimos absolutamente mais nada por ele, qu

Até o fim dos meus dias.

M inha atual esposa, e que, espero, seja a última, me ensinou a não chorar. Quando me encontrou, como naquela canção de Lulu Santos, "sozinho, perdido, andando de bar em bar" - tá bom, andando de bar em bar é um certo exagero - ela enxugou as minhas lágrimas e me disse para não chorar mais. Levei o seu conselho tão a sério que, efetivamente, nunca mais chorei. Ou quase nunca. N estes oito anos de convivência com ela, já chorei algumas vezes, sim, mas nunca por causa dela, é verdade. Também, nem sempre foi um chorar de tristeza, raiva ou decepção. O fato é que, hoje em dia, de alguma forma, meu coração cicatrizou, é verdade, mas as cicatrizes, trouxeram com elas a quelóide da dureza de sentimentos. Hoje em dia, não é qualquer coisa que consegue me fazer chorar. E isto é bom e positivo para mim, um chorão nato , ao menos até conhecer a minha mulher. U m vídeo que assisti recentemente no You Tube derreteu, por alguns momentos, o meu velho coração de pedra. Trata-se