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A HISTÓRIA DA LP & OS COMPACTOS PARTE XVII - O AMOR É SURDO.

 As gravações do segundo disco da LP & Os Compactos ocorreram em 12 de junho de 2015. Foram marcadas em um grande estúdio da cidade e foram financiadas pelo musico Beto Pitombo, tio do vocalista. Não houve nenhum pré-ensaio pois Douglas Cerqueira, o baterista menor de idade, estava proibido pela mãe de ensaiar ou tocar por ter tirado baixas notas na escola. Não adiantou apelar para o bom senso da sua genitora. Ela não permitiria que o filho tocasse e pronto.

Não me recordo do artifício utilizado para tirar o baterista de casa mas começamos as gravações com ele logo pela manhã. Passamos as 12 músicas para que ele gravasse a bateria e o levamos de volta para casa. Bateria gravada, era hora de gravar os outros instrumentos. Lá pelas uma da manhã do dia seguinte concluímos os trabalhos.

O Amor é Surdo foi pensado para sedimentar a nossa evidente posição de melhor banda da cidade mas deu tudo relativamente errado. O problema com o baterista, uma mixagem equivocada, um candidato a produtor que não produziu nada e ainda achou ruim o resultado e, enfim, a nossa dificuldade em encontrar um novo integrante. Ainda assim, há quem ache o disco a melhor coisa que já foi feita em termos de rock na cidade.

Passamos julho e agosto testando novos bateristas, sempre com resultados frustrantes. No meio do caminho, o guitarrista Sidarta  resolveu sair da banda também. Agora tínhamos dois problemas: Procurar um novo guitarrista e também um novo baterista.

Então fomos convidados para sermos um dos headliners do festival Atitude Rock, realizado por um promotor de eventos da cidade. Nosso horário era o melhor possível e teríamos a possibilidade de registrar o áudio e o vídeo da apresentação. Mas o baterista continuava incomunicável. Então, sequestramos novamente ele duas vezes. Uma para o ensaio dois dias antes e outra para o show em si. Para nossa surpresa, a mãe dele foi ao festival e disse que só permitiria a participação dele daquela vez. Eu pensei comigo que, agora, nem que ela pedisse de joelhos, ele voltaria para a banda.

A gravação do show se tornou o disco ao vivo chamado "Um Drink No Inverno" que, inclusive, se tornou o álbum mais baixado da história do site Um Que Tenha, que o hospedou a pedido meu. O show foi registrado quase na íntegra no disco, a exceção foi Adriana Na Piscina, onde Sidarta errou tantas vezes que inutilizou o registro.

Após o festival, voltamos à vaca fria. Continuamos procurando um guitarrista e um baterista. Encontramos Tony Caldas para o posto. Foi quando o músico e dono de estúdio Marcos Heyna se ofereceu para tocar baixo enquanto não encontrássemos o integrante definitivo. Assim, Stephen passou para a guitarra e começamos a ensaiar às uma da manhã. O horário incomum se devia ao fato do baterista trabalhar todos os dias, inclusive aos domingos, até as 11 da noite.

Fomos convidados para outro festival. Quando marcamos, Caldas afirmou estar temeroso da apresentação e desistiu. Encontramos, em cima da hora,  um baterista de metal chamado Pedro Bambam e foi com essa formação - Eu, Stephen, Zé, Heyna e Bambam -  que tocamos naquele show. Iriamos receber um cachê de 500 reais. Uma banda de Salvador nos contactou perguntando quando tínhamos acertado receber e ficaram indignados pois o valor oferecido a eles foi de apenas 200 reais. Eu lhe disse, porém, que tanto fazia 500 ou 200, já que nenhuma das bandas recebeu absolutamente nada ao fim do evento. As coisas só pioravam e eu pensei firmemente que era hora de dar um basta na LP & Os Compactos.

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