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Acabou o carnaval.

Feliz ano novo a todos! Agora sim, quando passa o carnaval, finalmente, podemos nos felicitar pra valer e o ano, afinal, começará de verdade. Sim, porque, no Brasil, o calendário anual tem apenas 10 meses e termina pouco antes do natal só recomeçando quando o carnaval acaba. Minto. Só reinicia mesmo na primeira segunda-feira após o fim da festa da carne.

Durante os cerca de 50 dias que separam as vésperas do natal da primeira segunda-feira após a quarta de cinzas, vivemos em uma espécie de limbo. Aliás, um falso limbo, onde o país literalmente para para descansar. É o maior feriadão da história da humanidade e não me recordo, ou não tenho conhecimento, de que algo parecido aconteça em outro país senão o nosso.

O preço deste descanso exagerado pagamos com subdesenvolvimento, com péssimo gerenciamento de nossos impostos, com o nosso país não sendo levado a sério por ninguém no resto do mundo. Mas, o que importa? Importa mesmo é que relaxamos durante 50 dias seguidos. E, muitos de nós, ainda terão mais 30 dias descanso, fora feriados e domingos, totalizando cerca de 120 dias  na maré mansa para 245 trabalhados.

Enquanto países como o Japão trabalham 335 dias no ano, ganhamos deles no ócio remunerado em noventa dias. E perdemos, miseravelmente, em todo o resto. E ficamos sonhando com uma pátria amada mais amante, enquanto descansamos em nossas redes tomando água de coco e lendo a Veja ou a Carta-Capital, ora reclamando do governo, ora aceitando todos os desmandos.

Ah, mas que chato este Renato! Como se ele também não descansasse em berço esplêndido nas festas natalinas-momescas como todos nós! Claro que aproveito, claro que descanso também. Mas, admito que descanso carregando pedras. Apenas alivio a carga horária trabalhada, abrindo meu pequeno negócio um pouco mais tarde e fechando um pouco mais cedo.

E que não venham os brasileiros do sul dizer que eles trabalham e nós, não. Não confundam mais oportunidades de trabalho  que vocês realmente têm com a muita vontade de trabalhar que vocês sabem que não têm. No verão, as areias das praias nordestinas ficam cor de rosa de tanto "branquelo" de sotaque diferente tentando ficar "neguinho" como a gente. E vou parando por aqui, porque comecei a escrever rimando, e se eu for continuando, vou acabar passando mal e ainda achar que é carnaval. Feliz ano novo!

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