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EDUCAÇÃO ARTÍSTICA: TIA ALICE VAI AO INFERNO.



Alice Cooper - Goes To Hell (1976) - Só quem viveu os anos 70, pode entender - ou até mesmo assimilar - o fenômeno Alice Cooper. Tudo começou com uma banda com nome de mulher, sendo que depois o vocalista Vincent Funier tomou o nome para si e saiu em carreira-solo. Campeão de vendagens naquela década, Alice rodou o mundo com seu "circo de horrores", parando até por estas bandas, se tornando o primeiro grande artista internacional a tocar no país, com direito a tumulto durante as apresentações e tudo mais. Frequentemente confundido com um satanista, sempre fazia questão de salientar que o que fazia em seus shows era mero teatro; mas a verdade é que Cooper inaugurou o estilo "roqueiro junkie decadente" que faria sucesso nas décadas seguintes. 

Certo que Alice Cooper nem era bem um junkie, no sentido usual da palavra. Sem nunca ter se envolvido muito com as drogas ditas pesadas, o roqueiro de nome andrógino se ferrou mesmo foi com a birita - que alguns consideram a mais pesada delas todas. Em 76, a carreira do cantor se encontrava em um ponto em que parecia que nada que ele fizesse manteria o frescor dos discos anteriores. Alice chamou o amigo e conceituado produtor Bob Ezrin e pariu Goes To Hell, um disco com pretensões de ser "conceitual", ou seja, de contar uma história ao longo de sua duração. 

Se "Goes To Hell" acaba sendo considerado um disco menor na carreira do artista, a fama é injusta. Algumas das faixas deste disco tem uma qualidade individual infinitamente superior a de muitas de suas melhores canções. É deste disco a belíssima "I Never Cry", a bem-humorada (e de letra fantástica) "Give The Kid A Break" e a emocionante "Wake Me Gently", que denunciam um artista em busca de um sentido para a própria vida, sob a máscara de "roqueiro doidão". As letras, neste álbum, curiosamente, são bem mais cuidadas que o usual, mais intimistas e mais sensoriais. De "Goes To Hell" em diante, de fato, a carreira de Tia Alice rolou ladeira abaixo comercialmente, ainda que com lampejos de criatividade como no interessante "Zipper Catch Skin", de 1980, onde o cantor encarnava uma espécie de Ian Curtis pré-moderno. 






          

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