Neste carnaval eu me despedi oficialmente do adjetivo “gordo”, ao - finalmente - depois de dois anos, chegar aos dois dígitos na balança. Há exatos 24 meses atrás, iniciei um regime que tinha exatamente a previsão de durar dois anos. Pesava então exatos 133 kg. Não que este peso todo me causasse grandes problemas. Minha pressão costumava surpreender os médicos por ser baixa demais para alguém com o peso que eu tinha. Certo que sentia algumas dores no joelho, mas a saúde do homem de muitas arrobas estava definitivamente ok.
A minha preocupação também não era estética. Eu mesmo me prefiro visualmente gordo. Magro, pareço com um ponto de exclamação de cabeça para baixo. Na verdade, emagreci basicamente por duas razões: Uma porque não quero chegar aos 50 anos pesando muito, pois não sei se minha saúde continuará assim tão perfeita com a velhice que já se faz vislumbrar no horizonte. Duas porque queria, finalmente, poder escolher o que vestir.
Sim, porque o gordo não é dono da sua própria vontade quando o assunto são as suas roupas. O gordo veste o que encontra na loja e lhe cabe e isto sempre me chateou muito, porque, além de gordo, eu era, e ainda sou, grande. Hoje, visto o que quero e isto, sem dúvida, é uma de minhas maiores alegrias nesta nova vida de “magro”.
Até o momento, foram 35 kg de banha para o saco. As perdi em algum lugar destes 730 dias e espero, de verdade, jamais encontrá-las de novo. Não fiz cirurgia bariátrica, como já suspeitaram alguns. Muito menos estou doente, como maliciaram outros. O segredo para começar o regime da sua vida ainda é aquele mesmo: fechar a boca. Sim, porque apenas recentemente eu comecei a incluir exercícios regulares na minha rotina. O que fiz? Deixei de comer pizzas, sorvetes e doces em excesso. Passei a comer coisas integrais o mais que eu pude e confesso que, de tanto comer essas coisas naturebas, acabei perdendo um pouco do “lust for life” culinário.
Aos gordinhos e gordinhas renitentes, sinceramente, aconselho o sacrifício de um regime como o que eu fiz e ainda estou fazendo, já que ainda me sobram alguns quilos a perder. A melhoria na qualidade de vida é incontestável. Mas, se serve de consolo, pretendo continuar filosoficamente gordo. O que quero dizer com isto? Não sei, mas se é para servir de consolo aos gordinhos, espero que funcione. Mas não posso deixar de dizer que é melhor ser sensorialmente magro.
Se você está mesmo feliz e satisfeito em ser gordo, continue sendo. Sério. Eu até estava feliz com meu status de gordinho gostoso, mas quem se aproxima das cinco décadas de vida como é o meu caso não pode se dar ao luxo de carregar tanto peso extra assim. Passou dos quarenta anos, trate logo de emagrecer. Ou me aponte algum octogenário rechonchudo que você conheça, se entupindo de batata-frita por aí.
(Na foto, o magro Stan Laurel com o ex-gordo Oliver Hardy)
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