Pular para o conteúdo principal

EU SONHO COM BARES.

Não, eu não sou alcóolatra.  Sequer bebo muito.  O título é mais um pegadinha para fisgar a sua atenção do que qualquer outra coisa e este texto,  na verdade, é mais sobre sonhos do que sobre bares. No caso, sobre sonhos recorrentes. Mas é sobre bares também.  
   
Sonhos recorrentes são aqueles sonhos que sempre temos, sempre com o mesmo tema e, no máximo, com pequenas variações.  Quase todo mundo tem sonhos recorrentes e provavelmente os sonham todos os dias. Nem sempre se lembram porque,  para que alguém lembre de um sonho,  é necessário que acorde subitamente ou esteja em um período de sono mais leve.  Mas provavelmente, aquele sonho que você percebe que se repete sempre,  você o sonha todas as noites sem saber.  E é bom procurar refletir sobre o significado dele, porque pode significar algo muito diferente do que aparenta.

Não se trata de nada sobrenatural.  Sonhos podem muito bem refletir nossas ansiedades e medos e um perfeito entendimento do que eles querem nos dizer pode nos facilitar bastante a vida.  Por exemplo,   um de meus sonhos recorrentes mais frequentes envolve um famoso bar de minha cidade.  De ambiência rústica,  o lugar ganhou fama,  razoavelmente injusta, de oferecer um mal atendimento.  De fato,  por ser frequentado basicamente pelo mesmo grupo de pessoas,  o proprietário ganhou uma  certa intimidade para relaxar no relacionamento pessoal,  coisa que sempre faz com um certo ar risonho,  o que denota mais uma brincadeira do que um vício de atendimento ao frequentador do seu bar.
     
No meu sonho recorrente,  o bar,  que é gerido de forma quase amadora –  está localizado na casa do proprietário  –  recebe contornos de  empresa comercial.  Ganha garçons uniformizados,  variedade no cardápio mas o atendimento piora consideravelmente.  E, ao final do sonho,  estou sempre lá no balcão brigando, enquanto o dono do bar apenas ri, daquele mesmo jeitinho que costuma prestar o pseudo-mal atendimento.
     
Só desta última vez que tive este sonho é que pude entender de verdade o que meu subconsciente queria me dizer.  Tratava-se não do estabelecimento deste peculiar bar-man,  mas do meu próprio comércio.  O sonho refletia, na verdade, a minha própria preocupação em crescer e manter a qualidade no atendimento ao meu cliente.  E que, para crescer, precisava parar de rir em atitude omissa –  como o barman no sonho  – e,  atento,  por a mão na massa.

Claro que tenho outros sonhos recorrentes. Alguns publicáveis até, outros já nem tanto.  Vou passar a dar mais atenção  ao que eu sonho, menos preocupado com o que meus sonhos  podem me dizer sobre o futuro e mais com o que podem revelar sobre o presente. Aconselho a quem tem sonhos recorrentes a fazer o mesmo.  Uma mente atenta sempre pode favorecer um coração tranquilo.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A CARTA ANÔNIMA

 Quando eu era menino, ainda ginasiano, lá pela sexta série, a professora resolveu fazer uma dinâmica bastante estranha. Naquele tempo ainda não tinha esse nome mas acho que ela quis mesmo fazer uma dinâmica, visto pelas lentes dos dias atuais. Ela pediu que cada aluno escrevesse uma carta anônima, romântica, se declarando para uma outra pessoa.  Eu confesso que não tive a brilhante ideia de escrever uma carta anônima para mim mesmo e assim acabei sem receber nenhuma carta falando sobre os meus maravilhosos dotes físicos e intelectuais. Já um outro garoto, bonitão, recebeu quase todas as cartas das meninas da sala. E sabe-se lá se não recebeu nenhuma carta vinda de algum colega do sexo masculino, escrita dentro de algum armário virtual. Eu, é claro, escrevi a minha carta para uma menina branca que nem papel, de óculos de graus enormes e um aparelho dentário que mais parecia um bridão de cavalos. Ela era muito tímida e recatada, havia nascido no norte europeu mas já morava...

O SONHO

  Oi. Hoje eu sonhei contigo. Aliás, contigo não. Eu sonhei mesmo foi comigo. Comigo sim, porque o sonho era meu, mas também com você, porque você não era uma mera coadjuvante. Você era a outra metade dos meus anseios juvenis que, quase sexagenário que sou, jamais se concretizaram. Não que a falta de tais anseios me faça infeliz. Não faz. Apenas os troquei por outros, talvez mais relevantes, talvez não. Hoje de madrugada, durante o sonho, eu voltava a ter 20 anos e você devia ter uns 17 ou 18. Eu estava de volta à tua casa, recebido por você em uma antessala completamente vazia e toda branca. Branca era a parede, branco era o teto, branco era o chão. Eu chegava de surpresa, vindo de muito longe. Me arrependia e queria ir embora. Você  queria que eu ficasse, queria tirar minha roupa ali mesmo, queria que eu estivesse à vontade ou talvez quisesse algo mais. Talvez? Eu era um boboca mesmo. Você era uma menina bem assanhadinha, tinha os hormônios à flor da pele e eu era a sortuda ...

Porque não existem filas preferenciais nos EUA.

Entrei em contato com um amigo norte-americano que morou por muitos anos no Brasil e o questionei sobre a razão de não haver filas preferenciais nas lojas norte-americanas. Ele me respondeu que não havia apenas uma mas várias razões. Uma delas é legal, porque é anticonstitucional. A enxutíssima constituição dos Estados Unidos simplesmente proíbe que determinado grupo social tenha algum direito específico sobre outro. Ou todos têm ou ninguém tem. Então, lhe questionei sobre as ações afirmativas na área de educação. Ele me respondeu que as ações afirmativas seriam constitucionais porque serviriam justamente para nivelar um grupo social em desigualdade aos outros. O que não seria, segindo ele, o caso de gestantes, idosos e deficientes físicos. A segunda razão seria lógica e até mesmo logística: Uma fila preferencial poderia ser mais lenta do que a fila normal e acabar transformando um pretenso benefício em desvantagem. Isto abriria espaço para ações judiciais no país das ações judic...