E vem aí mais um BBB. BBB, se você viveu os últimos quinze
anos de sua vida em outro planeta e ainda não sabe, são as iniciais pelas quais o
programa Big Brother Brasil, da TV Globo, é conhecido. E junto com a chegada da nova edição do programa, a décima-quinta quando escrevo estas linhas, as redes
sociais sofrerão uma enxurrada de citações à atração, a maioria desairosas,
reclamando até mesmo da simples existência do programa.
Há quem assista o BBB, o acompanhe e o discuta, e só este motivo
já é suficiente para este ou qualquer outro programa existir. Não adianta aquele papo
de que as pessoas assistem o BBB porque não passam programas “culturais” no horário. Fosse assim, as TVs estatais e
sua enxurrada de “cultura” seriam campeões de audiência.
Eu também não sou fã do BBB ou de reality-shows. Na verdade, até acho que o formato já cansou faz muito tempo e o Big Brother só é mantido no ar por ser barato e eficiente no merchandising agressivo dos tempos de controle remoto na mão. Ainda dá lucro, é fato, senão já teria saído do ar. Mas é difícil entender o chilique de tanta gente descontente com o programa. Gente que, há muito, já trocou a TV aberta pela TV a cabo. Neste caso, vale a máxima: Não gosta, não veja.
Ainda mais difícil de entender é haver tanta resistência ao programa vindo de gente que faz da própria vida um eterno reality-show. Há usuários do facebook e afins que tornam público absolutamente todos os acontecimentos de sua vida. Depois criticam, nas mesmas redes sociais em que se expõem, a superficialidade que é assistir pessoas trancadas em uma casa, fazendo absolutamente nada. Aliás, sempre disse, e aproveito para repetir, que o BBB é um formidável programa sobre um ululante nada.
Quando Sílvio Santos estreou o formato no Brasil com a “Casa
dos Artistas”, ainda teve o bom senso de convidar para a sua versão, pessoas minimamente conhecidas. O
fez à revelia da dona do formato, a holandesa Endemol, que o havia vendido
originalmente para a Rede Globo. Dizem as boas línguas que a Globo adquiriu o
formato apenas para arquivá-lo e impedir que outras TVs do país o usasse.
Sílvio foi mais rápido no gatilho e, no drible maroto, conseguiu, mesmo com a Globo e
a Endemol brigando firme na justiça pela extinção da Casa dos Artistas. Mas escolher pessoas
desconhecidas, para vê-las na tela fazendo as coisas banais que gente desconhecida
faz, não deveria fazer muito sentido. Mas, pensando bem, não é justamente isto
que as pessoas fazem, fuçando a vida alheia nas redes sociais?
Enfim, de amanhã em
diante, é tempo de Big Brother Brasil. O país inteiro irá debater ardorosamente sobre o programa até a final,
quando os participantes - ganhador
incluído - deixarão o olimpo das celebridades para novamente despontar para o anonimato. E, por
oito meses estaremos, mais uma vez, livres da atração. Não que o BBB me incomode, eu
mal assisto TV aberta, muito menos TV a cabo e muitíssimo menos BBB. O que me incomoda mesmo é quem
alimenta o assunto, menos os fãs do programa do que seus detratores. Até porque, se você não gosta, não só não
assista, mas também não fale sobre o assunto.
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