Este período
de festejos de São João eu resolvi fazer aquela renovação do meu guarda-roupa
que eu adio há dois anos e meio. Não se trata de capricho estético nem de falta
de dinheiro mas, sim, de um regime alimentar que me levou embora
para mais de 40 quilos. Resolvi esperar chegar ao peso a que me propus no
início da dieta para, finalmente, comprar roupas. Assim, saberia exatamente que
tamanho e número comprar.
Em 2013 |
Meu regime
não se deu por razões de saúde. Obeso, eu tinha pressão quase normal, menor que
a de muitos magros e um check up antes do início do regime detectou que, fora
uma gordurinha no fígado, estava absolutamente tudo normal comigo. A razão para
eu querer emagrecer é um tanto prosaica: Eu estava cansado de ser gordo. Nada contra os
gordos, aliás continuo mantendo o meu gosto pelo padrão de beleza renascentista
e amando as mulheres mais cheinhas. Tanto que incentivo sempre o aumento de
peso da minha amada, a despeito de seu absoluto desespero em engordar.
Mas, como eu
disse, eu estava cansado de ser gordo. Cansado de que, em vez de escolher roupas
nas lojas, elas é que me escolhessem. Cansado de quebrar as cadeiras de casa
com meu peso superior à sua capacidade de sustenta-lo. Cansado de sentar em
cadeiras de plástico com medo de desabar no chão a qualquer momento. Enfim,
cansado de rasgar cintos que não cabiam na minha cintura, a despeito de serem
os maiores encontrados nas lojas.
Em 2015 |
Mas, sempre
ao questionar a minha Marcela a respeito de minha magreza, ela me diz que estou
bem melhor assim e que não me quer gordo novamente. E, ao final, é a sua opinião
que realmente me interessa. Por causa dela, aliás, além de emagrecer, tirei a
barba. Não gosto de me ver sem pelos na cara. Mas ela me prefere assim. E como
ela não se gosta naturalmente ruiva e ainda assim o é por minha causa, acho a
troca justa e permanecemos felizes, eu imberbe, ela enruivecida.
Voltando às
compras, sempre tive dificuldades em encontrar calças do número que usava. Vestia
52 e as maiores que achava eram de tamanho 50. O resultado, afinal eu precisava
usar calças, era ter que me apertar nas novas pantalonas até que elas cedessem
um pouco e me proporcionassem o mínimo conforto ao vestir. Quando saí para comprar novas calças, esperei
contente caber satisfatoriamente em calças tamanho 48. Afinal, eu sou alto e
não poderia esperar mais do que isto. E eram quatro números a menos. O que eu
poderia esperar? Pois, para minha absoluta surpresa, eis que
me vejo não cabendo nas calças tamanho 48 que levei ao vestuário para
experimentar. Estavam folgadas demais. O jeito, oh que adorável tormento!, foi
experimentar calças tamanho 46, que, enfim, caíram como uma luva.
Eu já havia
adquirido algumas camisetas tamanho XG durante o regime, feliz por não ter mais
que sair experimentando t-shirts tamanho XXGGGLLLL
e coisas do tipo, que, ainda assim, nem sempre entravam com facilidade em meu
antigo corpinho. Mas conseguir vestir camisetas G foi mesmo uma enorme conquista.
Apesar disto, ainda assim, preferi comprar mesmo as tamanho GG, que são mais
folgadas, do jeito que eu gosto. Porém, a gama de opções aumentou infinitamente
após a perda de peso. E isto é mesmo muito bom para alguém acostumado a usar
camisetas completamente impessoais.
Exercícios
continuo fazendo, mas sem excessos. Caminhadas diárias, ao som da melhor música
capaz de agradar aos meus ouvidos. Não precisamos de exercícios para emagrecer
e este é o primeiro erro de quem se aventura em uma dieta para perda de peso.
Precisamos nos exercitar para não ficarmos sedentários, mas em um regime,
malhar sem controlar a alimentação pode ter nenhum efeito ou até mesmo o efeito
inverso.
Ainda
pretendo me desfazer de , pelo menos, 5 quilos, mas confesso que conseguir me
manter nos dois dígitos de peso já me traz uma enorme satisfação. Recomendo o
regime aos gordinhos e gordinhas que são meus leitores. Se sentir “leve” traz
benefícios que vão muito além da baixa autoestima. Isto para quem se sente
infeliz por ser gordo, claro. Eu nunca me senti. Sempre me achei um “gordinho
delícia” e sempre convivi muito bem com meu exagero de fofura. Mas então,
percebi que estou perto de dobrar o cabo da Boa Esperança dos cinquenta anos. A ausência de idosos gordinhos me fez ver que, se quero viver mais alguns anos,
tenho que abdicar definitivamente do excesso de gostosura.
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