Laranja mimosa, laranja-cravo, poncã,
pocan, bergamota, vergamosa, mexerica, fuxiqueira, laranja cravo, mandarina
ou clementina. Não importa que nome
tenha, a depender da região do país onde o leitor possa estar, a tangerina reina
soberana entre as frutas cítricas. Há quem prefira a laranja, outros preferem o
limão, alguns paladares mais exóticos dão conta da lima ser sua preferida, mas
que outro cítrico reúne tanta perfeição em forma de fruta senão a tangerina?
Pode não ser a mais bela das frutas,
nem mesmo a mais saborosa, mas o reinado da tangerina tem relação com as inúmeras qualidades que carrega: fácil de
descascar, mais fácil ainda de consumir, aquosa, refrescante, saudável, de
gomos belos que se destacam um do outro com enorme facilidade.
E ainda por cima, tem um nome, o
oficial, de raríssima beleza: Tangerina. A origem de seu nome vem do inglês Tanger Orange, que significa “Laranja de
Tanger”, entregando de imediato o lugar onde foi encontrada pela primeira vez
pelos ingleses, na bela cidade marroquina.
A tangerina é uma grande fonte de
magnésio, um mineral que não é tão facilmente encontrado na natureza e de
grande utilidade para o ser humano. É o magnésio um dos responsáveis pelo bom
funcionamento nervoso e muscular. A fruta ainda é rica em cálcio, fósforo e
potássio, além de conter grandes quantidades de vitaminas A e D.
A simpática fruta também é um excelente
digestivo. Chupar ou comer algumas tangerinas após uma feijoada, ou
qualquer coisa do tipo, alivia e imediato aquele peso na barriga e a
sensação de culpa por termos comido demais. Também é um eficiente diurético,
ajuda no controle da pressão arterial e previne a arteriosclerose. Ainda é um
excelente laxante, desde que se coma também o seu bagaço.
A tangerina também é um excelente
ingrediente alternativo para a nossa brasileiríssima caipirinha. E por falar em
Brasil, o país é o terceiro maior produtor do mundo, só ficando atrás da China
e da Espanha. Ainda assim, a fruta é
muito mais exportada do que consumida aqui. Natural, afinal, brasileiro nunca
foi mesmo de apreciar o que é realmente bom.
A tangerina nossa de cada dia foi alvo
recentemente de um protesto na rede social facebook.
Uma postagem de um usuário revoltado com gomos da fruta sendo vendidos descascados
no supermercado viraliizou na web e
trouxe a fruta para a ordem do dia. Uns criticavam duramente tanto o
supermercado que vendia o produto neste formato, quanto quem adquiria o produto
vendido assim. Outros, um tantinho mais lúcidos, lembravam que o valor agregado
da fruta sem a casca gerava emprego e que, muitas vezes, uma pobre fruta
condenada por uma casca de mau aspecto, ganhava nova vida ao ser reembalada.
Enfim, discutia-se o sexo dos anjos, não os seus benefícios.
Claro que tem razão quem afirma que “a
tangerina é minha e eu a descasco, ou não, (como diria Caetano), se eu quiser e
assim bem entender”. Há quem a compre descascada. Eu, particularmente, prefiro
descascá-la eu mesmo. É tão fácil, tão eficiente, tão simples, descascar uma
tangerina que é como diz o Alexandre Inagaki “descascar faz parte da
experiência de consumir a fruta”.
Ah, já ia me esquecendo do suco e do
doce de tangerina. Também, como esquecer a bala de tangerina em formato de gomo,
ícone da minha infância, responsável pela minha eterna paixão por esta fruta...Meu
Deus, será que lá no céu tem tangerinas? Porque se não houver tangerinas no céu
e tiver a fruta no inferno...Aliás, essas bobagens que estou escrevendo me
lembraram a canção Highway to Hell,
do AC-DC e AC-DC é rock na roll. E a tangerina é uma fruta pra lá de rock and
roll. Batizou o Tangerine Dream, uma
ótima banda de prog-rock alemã. Batizou também uma igualmente ótima música do
Led Zeppelin. Até há uma banda de rock em minha cidade com o nome desta fruta.
Enfim, descascada ou não descascada, o bom mesmo é sempre consumir tangerina.
Muita tangerina. Que esta súbita fama da mexerica faça o seu consumo definitivamente
disparar no país.
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