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Pronto para novos erros.

Tenho absoluta certeza de que tive, nas quase cinco décadas de vida que carrego nas costas, uma  existência recheada de bons momentos.  Mas não reviveria novamente um segundo sequer destes bons momentos.  Para isto tenho a minha música - a que ouço, não a que fiz - para me  lembrar sempre de alguma ou  outra coisa.  Agora mesmo, enquanto burilo o teclado do computador,  estou ouvindo a canção “This Night” do pianista e cantor americano Billy Joel e lembrando da última dança com aquela que, na época, décadas atrás,  era o amor de minha vida,  e que deixei bem longe para voltar para minha cidade e nunca mais vê-la novamente. A lembrança não é, de forma alguma, sofrida.  É apenas aquilo que dever ser:  Uma lembrança.

Aí você me diz: -“Poxa, e é isto que você chama de bons momentos?”.  Claro que sim.  Os bons momentos de nosso passado não são necessariamente alegres, só precisam ser felizes.  Já dizia o poeta, em outra canção e com muita sabedoria, que “felicidade não existe, o que existe na vida são momentos felizes”.  E momentos felizes podem ser tristes também, é claro.

Li por aí,  pelas linhas de tempo da vida,  que depressão tem a haver com passado e ansiedade tem a haver com futuro e, por isto, é melhor  focar no presente.  É isto mesmo.  Quando despistamos o  presente com elucubrações sobre o futuro e lamentações sobre o passado, apenas perdemos um precioso tempo de vida, o presente. E amanhã, feito patetas, estaremos suspirando lembrando de como era bom ter a idade que temos exatamente agora.

Li em outro lugar que nossas lembranças são falsas. Que não vivemos metade  das coisas de que supostamente lembramos. Deve ser mesmo, pois alguns amigos juram que fatos que descrevo e que foram passados com eles jamais aconteceram. Alguns me chamam de nostálgico, em uma avaliação pra lá de rasa porque, uma coisa que justamente não sou  é nostálgico.  Digo e repito: não reviveria nada do que já vivi e, se pudesse voltar no tempo, faria tudo diferente, o que houve de bom e de ruim,  apenas para saber onde minha vida iria dar se tivesse feito outras escolhas. Estaria, afinal,  pronto para cometer  os novos erros de sempre.

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