RINGO STARR -
Goodnight Vienna (1974)
- Por ser a própria personificação do clown em sua antiga banda, a carreira solo do ex-baterista dos Beatles nunca
foi levada muito a sério, o que
realmente é e foi uma pena. Os discos de Ringo Starr sempre foram citados de forma jocosa e
acintosa, como se fossem extremamente inferiores aos trabalhos de seus outros companheiros
de banda. Sem nenhum dogma a ser
mantido, nem reputação a ser preservada, Starr gravou o que quis e
quando quis, produzindo álbuns despretensiosos,
recheados do melhor rock and roll e
boogie-woogie.
Em
1974, Ringo saboreava o surpreendente sucesso de seu lp do ano anterior, um disquinho de rock and roll, vendido em uma embalagem luxuosíssima,
chamado simplesmente de "Ringo". O sucesso mundial de sua "Oh My My",
pela primeira vez, o pôs em uma situação incomum: A responsabilidade de preparar o sucessor de
seu primeiro best-seller
Enquanto isto, John Lennon amargava a separação de sua amada Yoko Ono, vivendo com outra oriental, May Pang, naquilo que ele próprio chamou de "longo fim de semana solteiro". Para fechar o ciclo de má sorte, seu disco de covers de rock, “criativamente” chamado de "Rock And Roll", que fora gravado ao mesmo tempo que este "Goodnight Vienna" , seria um fracasso quase completo. A salvação do disco de Lennon foi o inesperado sucesso de sua regravação do clássico soul de Ben E. King, "Stand By Me".
Enquanto isto, John Lennon amargava a separação de sua amada Yoko Ono, vivendo com outra oriental, May Pang, naquilo que ele próprio chamou de "longo fim de semana solteiro". Para fechar o ciclo de má sorte, seu disco de covers de rock, “criativamente” chamado de "Rock And Roll", que fora gravado ao mesmo tempo que este "Goodnight Vienna" , seria um fracasso quase completo. A salvação do disco de Lennon foi o inesperado sucesso de sua regravação do clássico soul de Ben E. King, "Stand By Me".
Pensando em dar uma
força ao amigo, Ringo o convidara para produzir seu disco daquele ano. Harrison
e McCartney se revezaram nos arranjos e produção dos discos anteriores, transformando cada disco do baterista em uma
"quase" reunião dos Beatles. Como nenhum dos dois se dava com John
nesta época, Lennon acabou chamando seu brother Harry Nilsson para ajudá-lo na
confecção do LP.
Juntos, Lennon e Nilsson compuseram e escolheram o
material do disco que viria a se chamar "Goodnight Vienna". O título
seria uma alusão a uma gíria antiga de Liverpool, cidade natal dele e de Starr,
para acabar um trabalho, o equivalente nosso a "já foi". Ou seja, nada mais Lennon do que isto. "Goodnight Vienna" não só é o melhor disco
de Ringo Starr como poderia ser o melhor da carreira solo de um ex-beatle, caso George Harrison nunca tivesse
gravado "All Things Must Pass" e McCartney não tivesse cometido "Band On The Run".
O som do álbum, ainda hoje, passados 30 anos de muitos avanços
na tecnologia de gravação, é simplesmente espetacular. As canções escolhidas e as compostas por
Lennon e Nilsson, são uniformes e dão a
impressão de um disco quase conceitual. A
bolacha abre com um rock poderoso, que dá título ao disco, de autoria de John,
que, por pouco, não havia entrado em seu disco do ano anterior. Daí por diante, Ringo desfila rocks, baladas, standards da música americana, tudo recheado
com sua voz semi monocórdica mas muito bem sobreposta às canções.
É deste disco a
divertida "No No Song", que ficou mais conhecida no Brasil pela versão
de Raul Seixas, "Não Quero Mais Andar Na Contramão". Há momentos surpreendentes como a cover para
"Only You" do grupo vocal The Platters . “Only You”,
inclusive, é uma sobra do disco Rock And Roll, de Lennon. Há até um alternative
take com John cantando, lançado em um dos muitos boxes caça-níquéis que
vasculham os restos musicais do compositor.
Há ainda as tocantes releituras dos clássicos da canção
americana "Easy For Me" e “Husbands and Wives”. No final do disco, o maestro Lennon pede para
os músicos tocarem com garra e uma reprise abreviada da faixa título encerra o
LP. Mas o melhor momento do álbum fica
mesmo por conta de “Snookeroo”, um presente de Elton John e Bernie Taupin ao
baterista.
Este, também é o último disco de real sucesso e
importância da carreira de Ringo Starr. Apesar
de “Stop and Smell The Roses”, de 1980, ter
conseguido arranhar os charts americanos, sem dúvida, "Goodnight Vienna" é o ápice da carreira daquele que, tudo que fez,
fez com uma nem sempre tão pequena ajuda de seus amigos. E é humilde o suficiente para assumir isto.
Coisas de quem é Starr não apenas no nome.
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