Lojas defasadas, vendedores despreparados e preços astronômicos em uma verdadeira epopeia em busca de um simples produto eletrônico.
Entrei na loja meio ressabiado, pois apenas dois dias antes havia sido inacreditavelmente mal atendido por uma jovem vendedora. Estava em busca de alguns metros de fio para fazer um cabo de conexão à internet e cotava preços quando a vendedora me perguntou se eu havia encontrado o produto por um preço menor e afirmei que sim. Então ela me perguntou a marca e quando falei, desdenhou afirmando que tal marca - que a loja não vendia - era "para quem gosta de porcaria". O fã de porcaria aqui agradeceu, deu as costas e foi comprar no estabelecimento ao lado, que praticava o mesmo preço e tinha atendentes mais preparados.
De volta à mesma loja para me informar sobre um notebook, evitei a vendedora e perguntei a um outro vendedor sobre portáteis com processador Intel i3. Ele me apresentou a um terceiro vendedor que me pediu para sentar e resolveu que iria me mostrar em detalhes todos os modelos de que dispunha. Afirmei novamente que queria apenas saber o preço dos equipamentos disponíveis na loja equipados com aquele processador. Quando o vendedor percebeu que eu não iria mesmo participar do seu ritual de vendas, chutou um preço alto qualquer e fez cara de amuado. Agradeci novamente mas ao sair da loja não me contive e me virei para outros vendedores que estavam à porta e disse: "- O atendimento desta loja é um lixo, não é a toa que vocês ficam aí sem ter quem atender!".
Já faz mais de um mês que estou querendo adquirir um notebook novo e tinha resolvido que o compraria aqui mesmo na cidade, em vez de me utilizar das lojas virtuais. Não gosto muito da ideia de comprar um objeto tão caro, esperar dias pela entrega e, em caso de eventual vício de fabricação, ter que esperar novamente, pelo menos, mais 30 dias por um produto novo.
Havia adquirido, poucos dias antes, um notebook da marca HP na loja Nagem, no Shopping Boulevard, mas, ao chegar em casa e ligar a máquina, notei um dead pixel na tela. Retornei à loja, onde o equipamento foi trocado imediatamente por outro, que apresentou o mesmo problema. Sem querer arriscar um terceiro exemplar, pedi o cancelamento da compra, que foi rápido e imediato. Muito antes, já havia tido um enorme problema com esta loja por conta da troca de um produto que custava meros cinquenta reais e que apresentou defeito e afirmo que a logística e o pós-venda daquela loja melhoraram muito de lá pra cá.
Sem encontrar outras opções na Nagem - aliás, até haviam, mas sempre, pelo menos, 300 reais acima dos preços na Internet - resolvi vasculhar as outras lojas. No mesmo shopping visitei a concorrente Login. Apesar dos vendedores simpáticos e solícitos, a loja mais parece um museu, pelo menos em relação a notebooks. Poucas opções, modelos defasados e muito, mas muito caros. O supermercado Bom Preço, antes um dos poucos lugares com muitas opções baratas, continuou barato, mas agora sem opções. Em tempos de Windows 10 como convencer um consumidor mais esclarecido de que adquirir um portátil com 2GB de memória pode ser uma opção?
Nas Americanas, fiz parte de uma cena surreal: Boas máquinas anunciadas a preços acessíveis. Imaginei que estava resolvido o meu problema e pedi que trouxessem o notebook que eu queria, já que não estava no mostruário. Apontei para o cartaz e ouvi do vendedor que "aquele produto só estava disponível na internet". Nas lojas Insinuante eu não compro nada, pois a empresa insiste em não respeitar o código de defesa do consumidor. Gosta de "testar" na entrega o produto que vende visando dificultar a troca dentro do prazo estabelecido. Mas, ainda assim, dei uma olhada no que eles tinham e, de fato, eles não tinham quase nada.
Na Infocentro, ainda no Shopping Boulevard, encontrei apenas dois modelos de notebook e nada mais. Esqueci alguma loja? Não? Então resolvi ir ao centro da cidade em busca do meu sonhado computador portátil. Magazine Luíza, Ricardo Eletro, Casas Bahia, todas com poucas opções e muito caras. Os vendedores destas lojas parecem não saber a diferença entre uma geladeira e um notebook. Na Lucidata, tradicional loja de informática da cidade, encontrei boas opções, porém com preços estratosféricos, e vendedores tão sequiosos de uma venda quanto um vampiro de sangue.
Enfim, é um enorme vexame para uma cidade do tamanho de Feira de Santana, com supostos 600 mil habitantes, uma cidade comercial por vocação, ter tão poucas opções para a aquisição de um produto e vendedores tão despreparados para o atendimento ao público. Que a crise está às portas, é verdade, mas isto não é desculpa para que versões básicas de um determinado item não possam ser encontradas na cidade a preços razoavelmente justos. O jeito vai ser comprar mesmo pela internet, doar meu ICMS à cidade de São Paulo e contribuir para o desenvolvimento daquela metrópole.Já que na Feira comercial, o comércio não parece ser o forte de certos comerciantes.
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